Pela segunda vez, nasce um bebé graças a um transplante de útero de uma dadora morta nos EUA

“A minha filha era a melhor mãe que eu conheci; nada era mais importante para ela do que os filhos. Que bonito e apropriado legado para ela, ajudar a dar o dom da maternidade a outra mulher”, disse a mãe dadora.

Pela segunda vez, nos Estados Unidos da América, nasceu um bebé depois de uma mulher se ter disponibiliazado a realizar um tratamento de fertilidade raro: receber o útero de uma dadora morta. 

Jennifer Gobrecht nasceu sem útero devido a uma síndrome rara chamada Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH). Ao descobrir um ensaio clínico da Penn Medicine, na Universidade de Medicina de Filadélfia, através das redes sociais, que possibilitava a Jennifer ter um útero, esta decidiu inscrever-se e foi selecionada.

Depois de uma cirurgia de 10 horas, a mulher norte-americana foi obrigada a tomar medicação para que o seu corpo não rejeitasse o novo órgão. Seis meses depois, Jennifer sujeitou-se a uma fertilização in vitro e, dez dias depois, a mulher descobriu que estava grávida.

"O Benjamin significa tanto, não apenas para o Drew e para mim, mas para tantos outros, e esperamos que ele possa inspirar outros casais a tentar o que tentámos, porque funcionou e ele está aqui", disse Jennifer, citada pela CNN. 

Também a mãe da dadora do útero mostrou-se orgulhosa do tratamento e feliz por este ter corrido bem. "A minha filha era a melhor mãe que eu conheci; nada era mais importante para ela do que os filhos. Que bonito e apropriado legado para ela, ajudar a dar o dom da maternidade a outra mulher", lê-se na nota publicada pela universidade de Filadélfia. "Os nossos corações e orações vão para os que receberam os órgãos da minha filha e as suas famílias", conclui.

Segundo dados da Penn Medicine, fizeram-se em todo o mundo apenas 70 transplantes de útero. Em 2017, nasceu, no Brasil, a primeira bebé fruto de um transplante de útero de uma dadora morta. 

A universidade de Penn continua a aceitar participantes no ensaio clínico para gravidezes após transplante uterino. "Não quer dizer que não tenha riscos, mas os resultados têm sido bons. Conseguimos o objetivo de fazer nascer bebés", disse Kathleen O'Neill, professora na universidade de Filadélfia.