O louco do Trump

Donald Trump não foi o primeiro presidente norte-americano a ordenar um ataque aéreo contra alvos situados em países soberanos. Muito pelo contrário, essa tem sido a prática de quase todos quantos o antecederam nas últimas décadas.

E entre estes salientam-se, pelo elevado número em que recorreram a esta prerrogativa, alguns dos mais proeminentes democratas que habitaram na Casa Branca, destacando-se, entre eles, o pacifista Obama, detentor da mais indecente e hipócrita distinção da Academia Sueca, que lhe atribuiu o tão almejado troféu de mérito demonstrado em prol da paz no mundo, quando ele fez exactamente o oposto, chegando ao final dos seus dias de presidência com o Próximo Oriente a ferro e fogo, consequência de um rastilho por si acendido.

Nas suas mãos detém o triste recorde de ser o presidente que mais bombardeamentos ordenou em terras alheias, acção que se estendeu a meia dúzia de países tomados como potenciais inimigos.

Também de Clinton, tão adorado pelas esquerdas europeias, não nos esquecemos de quando mandou destruir, na Líbia, um armazém farmacêutico, confundindo-o com uma fábrica de armas químicas!

Todos estes ataques provocaram um sem-número de vítimas inocentes, sem que qualquer voz de protesto se tenha ouvido nas chancelarias ocidentais, nem tão-pouco na cada vez mais desacreditada organização que se arvora de representar equitativamente todas as Nações terrenas.

Em sinal contrário ao ensaiado na maioria das anteriores retaliações contra acções terroristas dirigidas a interesses norte-americanos, Trump teve o cuidado de garantir que os mísseis que ceifaram a vida ao General Soleimani não provocassem danos colaterais, resultando somente na morte de quem, efectivamente, tinha de morrer.

E desengane-se quem se convença de que esta operação militar resultou de uma precipitação do presidente norte-americano e que eventuais repercussões não foram tidas em conta. A eliminação física de Soleimani há muito que vinha sendo ponderada, tendo Trump resistido até ao limite, acabando por dar luz-verde à estratégia defendida pelo sector militar da sua administração somente após várias provocações dos clérigos iranianos, a última das quais a que visou directamente a Embaixada dos EUA no Iraque.

O general abatido pelos mísseis disparados através de um drone não era uma figura inocente, mas sim o principal estratega do expansionismo iraniano que teima em transformar todo o Próximo Oriente num barril de pólvora pronto a explodir.

De imediato, assim que foi tornada pública a sua ascensão à categoria de mártir, surgiram os já habituais profetas da desgraça, bem secundados pela submissa imprensa rendida aos interesses do politicamente correcto, vaticinando o eclodir de uma nova guerra à escala universal, ou, na hipótese menos catastrófica, em inevitáveis represálias que iriam conduzir à morte de um número indeterminado de cidadãos dos Estados Unidos.

Trump foi exaustivamente catalogado como um louco criminoso, que agiu sem pensar, deixando o seu próprio povo exposto a vinganças de proporções dantescas.

Se a ignorância fosse compensada através de generosas doações financeiras, estes comentadores do sistema seriam proprietários de uma bem repleta conta bancária! Demonstram um cabal desconhecimento do que é o Irão, a antiga Pérsia, herdeiro de uma das mais antigas e avançadas civilizações do seu tempo.

Os ayatollahs, aos olhos de um ocidental, encarnam um papel diabólico, mas, na verdade, estão para o islão xiita como os papas estão para o catolicismo. São detentores de uma inteligência e conhecimento que os destacam de entre os demais dos seus conterrâneos, pelo que não embarcam em aventuras suicidas que possam levar à sua própria destruição, razão pela qual jamais arriscariam envolver-se numa guerra em que rapidamente seriam cilindrados.

Naturalmente que perante a agressão que levou desta vida um dos mais ilustres dos seus, foram forçados a lavar a face, não apenas movidos pelo desejo de vingança, mas também com a necessidade de conterem os instintos de indignação e revolta popular.

Mas foram cautelosos, providenciando para que não houvesse baixas entre as tropas norte-americanas sediadas nas bases que foram identificadas como alvos. Para o efeito advertiram, com antecedência, as autoridades iraquianas da acção militar que iriam desencadear, permitindo, assim, que todos os cidadãos dos EUA se pusessem a salvo.

O discurso para consumo interno teria que ser, forçosamente, outro, pelo que para o povo passaram a mensagem de que oitenta e tal militares norte-americanos teriam sucumbido durante a glorioso campanha militar contra o inimigo infiel.

Os iranianos reconciliaram-se com o regime, regozijando-se com as supostas baixas infligidas a quem ousara matar o mais erudito dos seus generais.

A vingança concretizara-se, mas, no entanto, o mundo não ficou mais perigoso, conforme apregoaram até à exaustão os detractores de Trump, em particular aqueles que se movimentam dentro do seu próprio país e que radicalizaram o Partido Democrático, que deixou de abraçar a causa do liberalismo para se vergar aos encantos do socialismo marxista.

Mas o actual inquilino da Casa Branca só tem que lhes agradecer, porque, graças ao delírio dos democratas, não precisa de fazer absolutamente nada para ser reeleito! Os seus adversários encarregam-se de tudo fazer para garantir a sua vitória nas eleições do próximo ano, através das incríveis trapalhadas em que se têm atolado.

Primeiro o disparatado e inconsequente processo de destituição, o qual, obviamente, vai resultar em nada, mas com custos de milhões de dólares para os bolsos do contribuinte.

Depois, logo após o abate do general iraniano, com a aprovação, na Câmara dos Representantes, mas com chumbo praticamente garantido no Senado, de uma moção que limita os poderes do presidente norte-americano para ordenar uma acção militar contra o Irão, necessitando, para o efeito, e com 30 dias de antecedência, do prévio aval do Congresso!

Também nos Estados Unidos a esquerda radical insiste em usar a estupidez como imagem de marca!

E os últimos e tristes acontecimentos ocorridos em Teerão vieram dar razão a quem teme um eventual poderio nuclear por parte dos iranianos e, consequentemente, recorre a acções militares preventivas que mais não visam do que impedir essa aventura.

Se os militares da antiga Pérsia confundem um avião de passageiros com um míssil de cruzeiro, roubando a vida a uma centena e meia de inocentes, imagine-se o que poderão fazer se vierem a dispor de armas nucleares.

Mas o louco é o Trump!