Pinto da Costa perto do adeus ao FC Porto

Tenho repetidamente escrito que a distância entre a vitória e a derrota no futebol é por vezes tão fina como uma folha de papel. 

Depois da grave turbulência que tomou conta do Sporting, também o FC Porto dá mostras de alguma agitação interna. A derrota na final da Taça da Liga, no sábado, contra o Braga – que se seguira a uma derrota contra o mesmo Braga no Dragão, para o campeonato, deixando o Porto a sete pontos do Benfica -, colocou o treinador Sérgio Conceição no banco dos réus.

Tenho repetidamente escrito que a distância entre a vitória e a derrota no futebol é por vezes tão fina como uma folha de papel. Repare-se: nesse fim de semana horribilis em que o Porto se afastou imenso do Benfica, a equipa de azul e branco falhou dois penáltis que lhe teriam dado, provavelmente, a vitória; e o Benfica venceu com alguma felicidade o Sporting em Alvalade, num jogo em que os leões até foram globalmente melhores.

Ora, se o Porto tivesse ganho ao Braga, como mereceria, e o Benfica tivesse perdido com o Sporting, como talvez fosse justo, a equipa de Conceição estaria hoje a um ponto da liderança do campeonato. Repito: um ponto. E estaria com o moral em alta, pronto para cavalgar o Benfica. Assim, a situação é exatamente a inversa. O Benfica está moralizado e lançado para a revalidação do título.

Já a final da Taça da Liga foi um jogo diferente. Aí, sim, sentiu-se a quebra do FC Porto. O Braga foi melhor. E cometeu um feito inédito: venceu pela segunda vez consecutiva o Porto, em jogos separados por uma semana. Ou seja, o Braga mostrou-se, de facto, superior ao Porto, coisa que nunca se tinha visto.

Tudo isto levou sem surpresa Conceição a pôr o lugar à disposição – e Pinto da Costa a reafirmar-lhe, também sem surpresa, a confiança. Não podia fazer outra coisa, depois de há menos de um mês o ter comparado a Pedroto.

Até porque Pinto da Costa sabe que não é só o treinador que neste momento está em causa – é ele próprio.

Não esqueçamos que, durante as quatro épocas seguidas em que o Porto não foi campeão (nos tempos do Benfica treinado por Jesus e por Vitória), Pinto da Costa deu a entender que não saía porque desejava ser ele a recuperar para o clube a hegemonia do futebol português.

E parecia no bom caminho, no primeiro ano com Sérgio Conceição, em que ganhou o título. E na primeira metade do segundo ano, em que já levava sete pontos de avanço. Só que, a partir daí, veio sempre a cair. Este ano já leva sete pontos de atraso. E se o Benfica for campeão, e se constatar que Pinto da Costa falhou a desejada reconquista da hegemonia do futebol em Portugal, não cairá só o treinador: cairá também o presidente.

Pinto da Costa pode estar na sua última época à frente dos destinos do clube azul-e-branco.