E agora PSD?

A vitória de Rui Rio nas eleições internas confirmou a vontade de os militantes do PSD manterem o rumo, o posicionamento político e a atitude na ação política que estava a ser seguida, revelando a intenção de assegurar estabilidade, optando por manter o líder em funções. O desafio será o de construir um partido mais…

A afirmação inequívoca de um PSD ‘ao centro’ revela o posicionamento político, mas também a atitude que o líder do PSD pretende imprimir na ação do partido. O PSD vai reforçar a social-democracia humanista e personalista, as preocupações sociais no centro da sua ação política e a defesa de um Estado mais forte, centrado nas suas funções nucleares, precisamente permitindo a satisfação das necessidades sociais, mas libertando a sociedade para a sua capacidade empreendedora.

Mas ‘ao centro’ deverá traduzir-se, também, na atitude e no combate político. A apresentação de propostas e de soluções para os problemas do país será a afirmação da alternativa. Uma oposição construtiva que rejeite o superficialismo e o ‘bota abaixo’, capaz de analisar as propostas da oposição pelo seu conteúdo e não pela sua proveniência, acrescida da capacidade de convergir em questões centrais, irá gerar a confiança dos cidadãos no PSD.

Do ponto de vista da ação política, durante a campanha eleitoral Rui Rio sinalizou a relevância das questões relacionadas com o ambiente. O PSD deve recuperar essa bandeira de que foi pioneiro e que corresponde a uma preocupação crescente na sociedade. Também as questões urbanas como a habitação, a mobilidade ou o isolamento dos idosos, que se colocam a uma parte cada vez maior da população, deverão ser objeto de um trabalho que encontre soluções.

No plano interno do PSD também se colocam desafios. O acompanhamento direto da atividade em todo o país e as reformas que conduzam o partido a uma maior verdade e que aumentem a capacidade de envolvimento da sociedade na atividade partidária são objetivos que devem ser prosseguidos.

A campanha eleitoral interna permitiu desfazer uma certa ideia de um líder ‘regional’ sem adesão no todo nacional. Os resultados demonstram a recetividade de Rui Rio de norte a sul de Portugal. Cabe agora ao líder do partido manter e aprofundar a relação que construiu nas várias zonas do país.

O papel do Conselho Estratégico Nacional deve ser reforçado, mas também aperfeiçoado. Trata-se de um instrumento poderoso para a abertura do PSD à sociedade através do envolvimento de simpatizantes e de militantes do PSD que muitas vezes não encontram espaço nas estruturas tradicionais para darem o seu contributo em áreas para as quais podem acrescentar qualidade à intervenção do partido.

O próximo desafio eleitoral será autárquico. Serão, afinal, muitos desafios, tantos quantas as autarquias. Mas a aposta na recuperação dos centros urbanos será decisiva para a capacidade de mobilização e de afirmação do PSD.

As eleições autárquicas vencem-se com boas propostas, mas constroem-se com credibilidade, trabalho no terreno e protagonistas que transmitam confiança.

A importância política dos resultados eleitorais nos centros urbanos, para o presente e para o futuro deve, por isso, merecer a atenção e a intervenção do líder do PSD, assegurando a sintonia das estruturas com a ambição de obter bons resultados e de afirmar a credibilidade do partido nas comunidades.

O caminho do PSD tem um substrato definido através da opção na escolha do líder e da moção de estratégia global. O sucesso depende da liderança na capacidade de agregar, mas também da lealdade das estruturas e dos militantes e ainda da vontade de todos trabalharem com o mesmo propósito.