Negócio à espera do aumento de capital

Depois das assembleias-gerais da Prisa e da Cofina, a compra da dona da TVI está agora na reta final. Fica a faltar a aprovação do aumento do capital e o desfecho da OPA.

Depois das duas assembleias-gerais da Prisa e da Cofina já estão dados os passos para a concretização da compra da dona da TVI. O SOL sabe que o negócio será fechado entre o final do mês de fevereiro e o início de março. Mas, até lá, terá de ser concretizado o aumento de capital por parte do grupo de Paulo Fernandes num montante máximo de 85 milhões de euros, «por uma ou mais vezes, por entradas em dinheiro».

Os acionistas aprovaram também por unanimidade a alteração aos estatutos da sociedade. Ao que o SOL apurou, esta era uma das condições para que se pudesse concretizar a entrada de novos investidores. É o caso do empresário Mário Ferreira e do Abanca, tal como já tinha sido avançado pelo SOL. Também os acionistas de referência da Cofina irão acompanhar este aumento de capital.

Por decidir está o desfecho da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Cofina e que continua à espera da nomeação de um auditor independente por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A operação foi registada em outubro e tem como alvo a Vertix – controlada pela Prisa, que detém 94,69% das ações,estando o restante (5,05%) nas mãos da NovaCaixaGalicia (ABanca) e 0,26% disperso em bolsa – pela qual a Cofina propôs pagar 2,3336 euros por cada ação.

Recorde-se que a Media Capital reagiu à OPA considerando-a «oportuna», mas admitindo que gostaria de ser alvo de «um eventual aumento ou revisão em alta da contrapartida». Aliás, o grupo a que pertence a TVI garantiu estar «confiante de que a entrada do oferente do capital social do Grupo Media Capital terá um impacto positivo para as estruturas dos trabalhadores na medida em que se intregrará numa estratégia de consolidação dos media no plano global».

Empresas independentes

Separar os conceitos entre Correio da Manhã, CMTV e TVI é um dos objetivos da Cofina. O SOL apurou que os canais televisivos vão funcionar como dois projetos distintos. Daí a contratação de Nuno Santos, que desde o início do ano lidera toda a área de entretenimento e antena do canal. O objetivo foi tranquilizar os trabalhadores e estancar a perda de audiências. Cerca de um mês depois, a TVI reforçou a equipa com Pedro Ribeiro, que vai assumir o cargo de diretor de programas executivo.

Pedro Ribeiro, que se mantém na direção da Rádio Comercial, confessa estar motivado com o novo cargo: «Sei que há muito para fazer mais isso é o mais estimulante: criar novos conteúdos, procurar originalidade, rasgo e talento num único foto – voltar à liderança».

Recorde-se que há meses que a TVI tem perdido audiências para a SIC, que fechou o ano 2019 como líder todos os meses, algo que não acontecia há 15 anos.

O SOL também sabe que, para já, vão ser mantidos os dois edifícios – o da TVI em Queluz de Baixo e o da Cofina no Alto dos Moinhos. Fonte ligada à operação garante que a fusão das duas redações está excluída, tanto que essa foi uma das exigências da Autoridade da Concorrência (AdC), que acabou por dar luz verde ao negócio (por ser considerado uma aquisição).  

Foi em 21 de setembro que a Cofina anunciou que tinha chegado a acordo com a espanhola Prisa para comprar a totalidade das ações que detém na Media Capital, valorizando a empresa (’enterprise value’) em 255 milhões de euros (a operação inclui a dívida), valor que entretanto baixou 50 milhões de euros devido às audiências e resultados da TVI.  Com esta concentração, a Cofina antecipa sinergias de 46 milhões de euros.

Durante todo o processo, foram dados vários pareceres positivos, nomeadamente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).

O parecer oficial foi dado pela Autoridade da Concorrência, que garantiu que a operação «não é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva nos mercados identificados como relevantes».