Morreu Álvaro Barreto. O ministro que esteve em sete governos

Foi ministro de Mota Pinto, Sá Carneiro, Balsemão, Soares e Cavaco Silva. Os amigos destacam “a inteligência e a capacidade de decisão”.  

Álvaro Barreto morreu esta segunda-feira com 84 anos de idade. O histórico do PSD foi ministro em sete governos e ocupou várias pastas. Destacou-se também como gestor em cargos como a presidência da TAP ou da Soporcel.

“Álvaro Barreto teve uma vida ao serviço de Portugal. Engenheiro civil de formação, notabilizou-se como gestor e como governante, colocando o melhor do seu saber, talento e trabalho ao serviço do desenvolvimento da economia portuguesa, em áreas como a indústria, o comércio, a agricultura e as pescas”, escreveu, numa nota publicada no site oficial da presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa. 

O Presidente da República lembrou que “a sua excelência como gestor foi reconhecida ainda jovem pelo Estado português, com a comenda da Ordem do Mérito Civil e Industrial, ainda na década de sessenta” e destacou o “contributo de grande relevância para a governação e para as políticas públicas da nossa democracia”.

Álvaro Barreto estreou-se no Governo logo em 1978 como ministro da Indústria e Tecnologia. O Executivo liderado por Carlos Mota Pinto não durou muito tempo, mas em 1980 voltou a ser chamado para exercer funções governativas por Sá Carneiro como ministro da Indústria e Energia. No Governo seguinte, liderado por Francisco Balsemão, em 1981, exerceu o cargo de ministro da Integração Europeia.

A AD deu lugar a uma aliança entre os socialistas e o PSD, mas não foi dispensado. No Governo do Bloco Central, entre 1983 e 1985, liderado por Mário Soares, começou como ministro do Comércio e Turismo e um ano depois passou para a pasta da Agricultura. E continuaria na mesma pasta nos governos liderados por Cavaco Silva. 

Saiu do Governo a meio do cavaquismo (no fim do primeiro governo de maioria absoluta) e depois de ter dado uma entrevista em que assumia que eram necessárias “caras novas” no Executivo. Cavaco não gostou e Barreto integrou a lista dos ministros que foram substituídos. O Diário de Lisboa do dia 3 de janeiro de 1990 relata que o então primeiro-ministro ficou “estupefacto” e não lhe admitiu essa “ousadia em público”. Ou seja, “quando todos contavam que fosse promovido a vice-primeiro-ministro”, Álvaro Barreto foi dispensado e assumiu em público que tinha “discordâncias” com Cavaco Silva “sobre certas matérias”. 

A última vez que exerceu funções governativas foi no Governo liderado por Pedro Santana Lopes. Chegou a garantir, no fim do cavaquismo, que não voltaria à política ativa, mas decidiu aceitar ser ministro de Estado e das Atividades Económicas e do Trabalho devido à “amizade” com Santana Lopes. “Entendi que não podia virar as costas a Pedro Santana Lopes e ao país”, disse numa entrevista à Rádio Renascença.

Gostava da política feita como alguma “irreverência” e nas eleições internas entre Rui Rio e Santana Lopes, em 2017, Álvaro Barreto esteve entre os apoiantes de Pedro Santana Lopes. O ex-líder do PSD disse ontem que “morreu um grande governante e um grande gestor”. Pedro Santana Lopes, que convidou Álvaro Barreto para número dois do seu Governo, destacou ”ainda a sua grande inteligência e a sua capacidade decisão”. Francisco Pinto Balsemão também classificou o ex-ministro como um homem “inteligente, rápido, polifacetado, com um grande, e por vezes cáustico, sentido de humor e um excelente desportista”

O PSD realçou, numa nota publicada no site oficial do partido, que “Álvaro Barreto teve uma vida dedicada à causa política” e “enquanto ministro teve seis pastas diferentes: da Indústria, da Agricultura, da Integração Europeia, do Comércio e Turismo, das Atividades Económicas e do Trabalho”. Álvaro Barreto era militante do PSD desde o primeiro dia.