Arguido no caso da morte de adepto italiano nega presença na Luz

Danilo Ossuman negou ter estado presente no Estádio da Luz aquando da morte do adepto italiano Marco Ficini, em abril de 2017.

Danilo Ossuman, um dos 22 arguidos no processo da morte de Marco Ficini, adepto italiano que morreu atropelado nas imediações do Estádio da Luz, em abril de 2017, na sequência de confrontos entre apoiantes do Benfica e Sporting, antes de um jogo entre ambas as equipas em Alvalade, garantiu hoje em tribunal não ter estado no local do crime à data e hora do sucedido.

“Estive em Alvalade, não na altura em que os adeptos do Benfica lançaram os ‘verylights’. Fui depois do jantar e saí de lá por volta da 01:30/02:00. Fui para casa depois, não fui ao Estádio da Luz”, explicou o arguido, que tem ligações à Juventude Leonina, claque do Sporting com elementos ligados ao caso.

No total, o processo junta 10 adeptos com ligação aos No Name Boys e 12 com ligação à Juventude Leonina. Luís Pina, que esteve ontem presente em tribunal e que na semana passada ficou em silêncio na primeira sessão de julgamento, é o principal arguido do caso.

Aníbal Pinto, advogado de Danilo Ossuman, confrontou o seu cliente com a observação de três fotogramas, com o objetivo de ver se este se reconhecia em algumas. O arguido acabou por responder negativamente: “ A minha fisionomia é diferente, aquela pessoa é mais larga”, segundo avançou a agência Lusa.

Após a audição do arguido, foi a vez de vários agentes da PSP da Unidade Metropolitana de Informações Desportivas, conhecidos como ‘spotters’, serem ouvidos, uma vez que estes são quem trabalha em conjunto com as claques dos principais clubes nacionais. Todos eles explicaram que a PSP não fez investigação e que apenas colaborou com a Polícia Judiciária no processo.

Luís Pereira, o primeiro inspetor da PJ a tomar contacto com o corpo de Ficini, contou que viu “bastantes indivíduos a correr até ao [Centro Comercial] Colombo” quando passava nas imediações do Estádio da Luz e que se deparou com “um indivíduo caído, de barriga para baixo” no lado esquerdo da Avenida Lusíada.

O inspetor explicou que viu um carro “que pela volumetria parecia um BMW” e ouviu um comentário vindo daquela direção: “Vamos embora que é um dos dele”. De seguida, Luís Pereira relatou ter ligado ao 112 – já depois de ter seguido os protocolos de emergência médica -, que não atendeu, e entrou no carro para dar “duas a três voltas” para ir atrás do carro que tinha arrancado, uma vez que tudo indicava ter-se tratado de um atropelamento.

“Quando lá cheguei já lá estava a PSP e o INEM. Estiveram quase uma hora em manobras de reanimação. Disseram que o corpo estava muito sujo com marcas de um veículo que teria passado por cima. Que teria sido um atropelamento com fuga”, descreveu o agente.

Por sua vez, João Fernandes, inspetor da PJ, na altura dos incidentes da secção de homicídios, explicou que foram recolhidos exames e que “na cabeça, ronco e membros havia marcas de atropelamento e do corpo ter sido arrastado. O inspetor avançou ainda que à frente do corpo existiam vidro partidos e objetos pertencentes a viaturas.

Além de autoridades e arguidos, no tribunal estiveram presentes o irmão e a cunhada de Marco Ficini, tal como uma amiga de infância, o pai desta e ainda uma amiga de longa data da família, que atestaram que a mãe da vítima era totalmente dependente financeiramente do filho e que este era um “trabalhador exemplar”.

À tarde foram ouvidas testemunhas abonatórias que foram falar sobre alguns dos 21 arguidos deste processo. Para dia 18 de fevereiro está já agendada uma nova sessão.