A presidente do Conselho Regional da Europa (CRE) das Comunidades Portuguesas, Luísa Semedo, anunciou este fim de semana a sua demissão do cargo.
"Considero não reunir as condições necessárias para continuar a representar a totalidade das Conselheiras e Conselheiros deste digno órgão de representação das Comunidades portuguesas na Europa", escreveu Luísa Semedo na carta de demissão, que partilhou no dia 8 de fevereiro.
A conselheira, eleita por França, recusa encontrar-se com o deputado único do Chega, André Ventura. "Não lhe reconheço legitimidade, penso que é fruto de uma anomalia, de uma falha do nosso sistema democrático. O racismo, o fascismo, o nazismo, o sexismo, a homofobia não são opiniões, são crimes", justificou.
Luísa Semedo sublinhou que pensa nas "filhas e filhos lusodescendentes que detêm dupla nacionalidade e que poderiam também ser discriminados e incitados a serem devolvidos à sua terra por políticos que perfilham a mesma ideologia de André Ventura nos países de residência".
Por todas estas razões, a conselheira disse não ter condições para ser "anfitriã e a interlocutora de quem me considera como inferior", numa referência ao seu papel perante as comunidades portuguesas.
Luísa Semedo já apresentou formalmente a demissão e a sua justificação junto da secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, e do presidente do Conselho Permanente (CCP) Flávio Martins.
Embora deixe a presidência do órgão, Luísa Semedo fez questão de sublinhar que continuará como conselheira até ao fim do mandato. “É nesse cargo pelo qual respondo e como cidadã que lutarei sempre, com todas as minhas forças, contra todo o tipo de visões e práticas hierarquizantes".