Jovem que matou o pai em Vila Verde diz em tribunal que só o queria “assustar”

Além do filho, também a mulher da vítima é arguida no processo.

Um jovem, de 22 anos, acusado do homicídio do pai, em Vila Verde, confessou, esta quarta-feira, no Tribunal de Braga, a autoria do crime. No entanto, o arguido disse que queria apenas “assustar” o pai e falou das constantes ameaças e agressões do homem à mãe e aos filhos.

Segundo o Jornal de Notícias, no início do julgamento, o jovem começou por falar nos insultos, ameaças e agressões do pai à mãe, que acabavam sempre por “sobrar” para os filhos e que levou a uma “saturação psicológica” na família.

"Quando eu tentava defender a minha mãe, também levava. Foi desde sempre muito difícil conviver com o meu pai. E quando estava com o álcool, ainda era pior", relatou o arguido, citado pelo mesmo jornal.

Os factos remontam a outubro de 2017. O jovem terá regressado a casa, com o trator avariado, depois de ter estado a trabalhar no campo, e começou a ser verbalmente repreendido pelo pai.

Em tribunal, o arguido disse que foi buscar uma arma para “assustar” o homem que, depois de ver o filho, se baixou para pegar num ferro dizendo que o ia matar. "Ia assustá-lo, ele reagiu, calhei de carregar no gatilho e disparou", disse.

A mãe do jovem, e mulher da vítima, também arguida no processo, garante ter sido vítima de violência doméstica desde o início do casamento, em 1986. "Um casamento sempre de levar, e os filhos igual", afirmou, revelando que chegou a fugir para França devido aos maus-tratos, mas que regressou sempre a casa por temer as consequências.

Quanto ao filho, a mulher disse que tem a certeza que o jovem "não queria fazer aquilo, mas, com o desespero, aconteceu".

"Um ou outro ia ter que morrer, ia ser um ou outro", defendeu.

Depois do homicídio, a mulher desfez-se da arma e com o filho esconderam o corpo numa carrinha, que abandonaram num descampado. O corpo foi encontrado três dias após o crime, já depois de a mulher ter participado o desaparecimento do marido às autoridades.

Segundo o Jornal de Notícias, são assistentes no processos, dois filhos da vítima, resultantes de uma relação extraconjugal, e que exigem uma indemnização pela morte do pai.