Costa, o marxista

Costa, ao aproximar-se da extrema-esquerda, parece ignorar todo o passado do seu partido, o qual, apesar das enormes responsabilidades pelo atraso crónico da nossa economia, fruto de sucessivas governações irresponsáveis a que os socialistas nos habituaram, teve uma participação fundamental na derrota da esquerda radical após a abrilada.

O chefe do governo que nos calhou em sorte confessou, numa recente entrevista, algo que há muito sabemos: estar mais próximo, ideologicamente, do Livre do que do PSD.

Convenhamos que o Livre é um partido muito pouco recomendável para que um primeiro-ministro de um país dito civilizado e moderno nutra por ele qualquer tipo de simpatia. Recorde-se que a sua fundação resultou de uma cisão dentro do bloco de esquerda e a que aderiram igualmente dissidentes do partido comunista.

Os princípios do Livre assentam, assim, no marxismo-leninismo, caracterizando-se pelo radicalismo nas tomadas de posição em que se tem envolvido.

Se dúvidas houvesse quanto ao seu comportamento desordeiro, basta lembrarmo-nos da escolha da sua cabeça de lista pelo círculo do Lisboa, nas últimas eleições legislativas, a agora deputada independente que gostaria de ver os nossos museus parcialmente delapidados e que tantos insultos tem dirigido aos portugueses e muito se tem esforçado em denegrir o nosso passado histórico.

E o argumento de que o Livre lhe retirou a confiança política não pega, porque o fez não por discordar da sua acção política, com a qual se identifica plenamente, mas sim por ela se ter marimbado para o partido assim que se acomodou na sua cadeira de S. Bento!

Costa, ao aproximar-se da extrema-esquerda, parece ignorar todo o passado do seu partido, o qual, apesar das enormes responsabilidades pelo atraso crónico da nossa economia, fruto de sucessivas governações irresponsáveis a que os socialistas nos habituaram, teve uma participação fundamental na derrota da esquerda radical após a abrilada.

Não nos esquecemos que foi em comunhão de esforços com o PSD de Sá Carneiro que os socialistas de então, caracterizados pela moderação no discurso político, protagonizaram um papel decisivo no afastamento do partido comunista dos principais órgãos de soberania onde se infiltrara, pondo fim à ameaça de uma ditadura vermelha que então pairava sobre o Portugal.

O PS desde a sua génese integrou a Internacional Socialista, que engloba os partidos sociais-democratas, trabalhistas e socialistas comprometidos com o modelo de uma democracia de cariz parlamentar, logo de oposição aos movimentos bolcheviques e estalinistas que se germinaram um pouco por todo o mundo, e com quem hoje Costa se entende nas tarefas do governo, organização essa a que o PSD também quis aderir, mas viu as portas trancadas em consequência de manobras de bastidores ensaiadas pelos socialistas portugueses.

Mas, no essencial, PSD e PS foram sempre sacos da mesma farinha, sendo ténues as divergências ideológicas que os separam.

E são estes dois partidos, que dividiram entre si a governação deste País ao longo das últimas quatro décadas, a quem os portugueses deveriam pedir responsabilidades pelo atraso estrutural que nos mantém entre os mais pobres da Europa, porque as políticas que ambos seguiram, em todas as ocasiões em que receberam a incumbência de dirigir os destinos da Nação, em nada se distinguiram umas das outras, exceptuando-se, e mesmo aí nem sempre, a abordagem às chamadas causas fracturantes.

Por isso não deixa de ser irónico que o actual PS, em que as vozes mais moderadas foram por completo silenciadas, à boa maneira estalinista, esteja inundado de marxistas convictos, como o seu secretário-geral, que prefere dialogar com os herdeiros das espécies mais escroques que habitaram neste planeta, culpadas pela escravidão a que reduziram os seus concidadãos, condenando-os à mais cruel das ditaduras de que a História regista, ao invés de procurar entendimentos com um partido que nunca pôs em causa o sistema político nos quais se inspiram os partidos parceiros do PS na Internacional Socialista.

Mas Costa, para desgraça deste mundo cada vez mais perigoso em que vivemos, não está sozinha nesta deriva irresponsável para as teorias idealizadas por Marx e postas em prática pelos seus seguidores em países que, por via delas, transformaram a vida dos seus povos numa miséria absoluta.

Veja-se o inacreditável exemplo dos Estados Unidos, em que os democratas correm o risco de virem a ser representados nas próximas eleições presidenciais pelo mais radical dos seus membros, o também marxista convicto Sanders.

Ou no Reino Unido, em que os trabalhistas estão há alguns anos nas mãos de outro marxista, Corbyn. Os britânicos, felizmente, de burros não têm nada e por isso têm-se recusado a confiar o seu voto neste fiéis de Marx, razão pela qual os trabalhistas têm coleccionado derrotas eleitorais nos últimos anos.

Também em Espanha o PSOE, liderado por Sanchez, guinou para a esquerda radical, trazendo para o governo o mais extremista de todos os partidos europeus que se deixaram encantar pelos novos ventos que sopram a partir das tumbas que albergam os dinossauros do socialismo sem rosto.

A própria Alemanha não escapou a este preocupante fenómeno, com a ala esquerdista dos sociais-democratas a apoderar-se recentemente dos destinos do partido, contrariando todas as previsões que anteviam uma vitória da linha mais moderada, facto que indicia uma próxima eventual instabilidade na maior economia europeia.

Quanto a nós, portugueses, continuamos a pagar caro por insistirmos em entregar, de mão-beijada, a governação dos assuntos do Estado aos mesmos de sempre.

O socialismo a que temos sido condenados é o primeiro responsável para que a maior parte dos países que lhe viraram costas definitivamente, depois de meio século de subjugação soviética, nos estejam a ultrapassar em índices de desenvolvimento económico, arrastando-nos, cada vez mais, para a cauda da Europa, na qual permanecem somente os povos com pior nível de vida.

E com os novos amigos de Costa o cenário não poderia ser mais sombrio; tempos ainda mais difíceis nos esperam! 

Pedro Ochôa