Efacec sem solução. Trabalhadores reuniram-se com Governo

Secretário de Estado da Economia garantiu “acompanhar e contribuir” para uma solução. Há notícias de contratos em stand by. Parte de Isabel dos Santos à venda continua sem interessados assumidos e bancos envolvidos posicionam-se.

O cenário de dúvida e incerteza em relação ao futuro da Efacec mantém-se. Na última segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores reuniu-se com o Secretário de Estado da Economia, João Neves, na sequência de um pedido de reunião de emergência feito à tutela. Segundo apurou o i, os trabalhadores "solicitaram ao Governo que a parceria entre a Efacec e a empresária Isabel dos Santos terminasse o mais rapidamente possível”, alegando que “quanto mais tempo perdurar, mais prejuízos serão causados à empresa”.

O i sabe que, neste momento, por entre os trabalhadores grassa a expectativa e o receio. A principal preocupação diz respeito à defesa dos atuais 2 600 postos de trabalho da Efacec (a que se juntam ainda relações com centenas de empresas, através de vários projetos em desenvolvimento).

No final do encontro, fonte da empresa disse que “o Secretário de Estado foi recetivo aos pedidos, e que garantiu o compromisso do Governo em continuar a acompanhar e contribuir para uma rápida resolução da situação e de forma positiva”. Os trabalhadores alegam “que antes de Isabel dos Santos já existia Efacec e, portanto, não podem ser penalizados pela falta de transparência, para a qual contribuíram muitos responsáveis, como os bancos e reguladores que permitiram a conceção de crédito” – que a empresária angolana terá utilizado para concretizar o aumento de capital da empresa.

 

Fatia de Isabel dos Santos (ainda) sem interessados

O negócio foi concluído em 2015, numa altura em que a Efacec atravessava dificuldades, envolvendo um investimento de quase 200 milhões de euros,o que permitiu a Isabel dos Santos passar a ter 67,2% da Efacec. Neste processo, o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves (que antes detinham 50% cada) tornaram-se acionistas minoritários.

Essa fatia de Isabel dos Santos foi colocada à venda no final de janeiro. Entretanto, ainda nenhum interessado deu o passo decisivo. O Conselho de Administração já garantiu liquidez para o pagamento dos seus compromissos mais imediatos com os funcionários, mas o i sabe que a partir do momento em que "rebentou" o escândalo envolvendo Isabel dos Santos, uma série de contratos permanecem por assinar, com países do norte e centro da Europa (casos de Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suíça). “A convicção é que as entidades destes países estão a pedir documentos e mais documentos, protelando sistematicamente a concretização dos acordos, uma vez que não querem ter nada a ver com empresas que tenham este tipo de ligações”, afirmou fonte da empresa.

Em cima da mesa, continua também a possibilidade de BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos poderem avançar para o negócio. Esta hipótese surge, agora mais forte, com a ausência de interessados. Esta seria uma tentativa dos bancos que concederam os empréstimos a Isabel dos Santos para a aquisição da Efacec de ainda recuperarem esse investimento. O i sabe que o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves – que antes de 2015 detinham a empresa na totalidade e atualmente são sócios minoritários – já descartaram a possibilidade de se envolverem neste momento.