Greve dos estivadores começou com total adesão e acusações

Sindicatos acusam empresas de forçarem a própria insolvência.

Os estivadores de Lisboa e Porto iniciaram esta quarta-feira uma greve de três semanas em protesto contra a redução de 15% nos seus salários, proposta por quatro empresas de estiva (Liscont, Sotagus, Multiterminal e TMB – Terminal Multiusos do Beato). Esta primeira jornada de paralisação teve “adesão de 100%” dos trabalhadores, segundo os sindicatos, que acusam as empresas de quererem provocar a insolvência para depois criar novas entidades.

A ação de protesto dos estivadores prolonga-se até 9 de março. De acordo com os sindicatos, até 28 de fevereiro os estivadores só trabalham no segundo turno e, de 29 de fevereiro a 9 de março, não haverá qualquer prestação de trabalho para essas empresas.

Em janeiro, o conjunto das três empresas do grupo turco Yilport (Liscont, Sotagus e Multiterminal) e da empresa TMB – Terminal Multiusos do Beato anunciou aos estivadores a intenção de avançar para uma redução salarial de 15% e eliminar as progressões de carreira automáticas.

A medida é justificada com as dificuldades financeiras na sequência do aumento de encargos resultantes da integração nos quadros de pessoal de 31 trabalhadores temporários (entre 2016 e 2017) e com os 123 pré-avisos de greve feitos pelos sindicatos (entre 2008 e 2018). A Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa anunciou que abrirá mesmo falência, caso estas intenções não se concretizem. 

Já os trabalhadores, além destas medidas, reclamam ainda o pagamento de salários em atraso, situação que acusam de ocorrer desde setembro de 2018, e a atualização dos tarifários que pagam pela utilização dos estivadores por dia, o que já não acontece desde 1994.