Corridas ilegais continuam a matar

Carros a 300 km/h e várias estradas em Portugal são transformadas em pistas de velocidade. Nova corrida está agendada para este fim de semana, depois do acidente que matou duas pessoas.

A A1, A16 e CREL são algumas das estradas preferidas de quem pratica corridas ilegais em Portugal. O i infiltrou-se no submundo do street racing e foi conhecer como tudo acontece, depois do acidente que matou recentemente três jovens na Segunda Circular, em Lisboa. Uma nova corrida está agendada para este fim de semana. Os desafios são lançados através do Facebook e é a partir daí que os intervenientes partem para a ação. «A atividade tem sido mais ou menos a mesma de sempre. Nos Ralis deixaram de existir porque agora há lá radar e no Eixo Norte-Sul também tem andado um bocado parado. É mais a A1, A16 e CREL», revelou um dos membros da comunidade, com o nome fictício João G..

{relacionados}

A frequência das corridas é elevada e as velocidades atingem os 300 km/h. Os grupos encontram-se maioritariamente em bombas de gasolina e as corridas acontecem atualmente nas vésperas de feriados, sextas ou sábados. «Os dias mais concorridos são as vésperas de feriado, sextas e sábado, mas os sábados têm sido fortes», indicou, explicando também que o desastre que matou as três pessoas na Segunda Circular não é o único caso de acidentes neste tipo de corridas. «Foi um acidente histórico, mas vai havendo outros», contou.

Quanto aos carros preferidos para as corridas, as marcas das viaturas mais usadas passam por Citroëns, Peugeots, Hondas e Seats, mas mais recentemente os BMW e Audi começaram a ganhar terreno. «Antes era mais Cups, GTI, Type R, agora até já vês máquinas mais recentes. Hoje já se veem carros de valores mais elevados», referiu o participante, indicando o que é que acontece no início de cada corrida: três buzinadelas.

Para alguns intervenientes, a polícia poderia tomar uma posição mais dura quanto a estas corridas ilegais, dado que possui «uma excelente rede de informação sobre essas pessoas». «Sabe-se quem são e mais: estão monitorizados. Mas, na prática, para impedir isto não foi feita nada de especial», sublinhou um dos intervenientes, que manteve o anonimato.

Na semana passada, recorde-se, três pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos morreram depois de se terem despistado e o carro onde circulavam embater num poste. O trânsito na Segunda Circular chegou a ser interrompido durante largas horas. Imagens foram divulgadas nas redes sociais, onde se veem as vítimas a circular a 300 km/h, depois de terem saído de uma corrida na ponte Vasco da Gama.

Em 2018, os dados mais recentes, registaram-se mais de 29 mil crimes rodoviários, dos quais 439 dizem respeito ao crime de condução perigosa de veículo rodoviário. Ao i, a psicóloga clínica Filipa Chasqueira disse que estes comportamentos de risco podem esconder «um vazio intenso».