Washington retira parte das tropas, atentados continuam a ser a regra e Trump fala com líder talibã

Anúncio de retirada de parte das tropas ocorre na sequência de vários atentados talibãs contra Cabul. 

O secretário da Defesa norte-americano, Mark T. Esper, disse esta segunda-feira que os Estados Unidos já começaram a retirar as suas tropas do Afeganistão. Mas os ataques ao Governo de Cabul continuam.

Falando para os repórteres numa conferência de imprensa no Pentágono, Washington, Esper adiantou que a primeira redução de tropas – a presença norte-americana no país irá baixar de 12 mil tropas para 8600 – estava no âmbito do acordo de paz entre os EUA e os talibã, firmado no último sábado em Doha, Qatar. “Vamos mostrar boa fé e começar a retirar as nossas tropas”, garantiu Esper.

Este anúncio ocorre no meio de intensos ataques do grupo terrorista islâmico contra o Governo afegão. Esta terça-feira morreram cinco polícias depois de um atentado talibã a um posto de segurança, perto de uma mina de cobre na província Lagar, no leste do Afeganistão, segundo as autoridades regionais. Contactado pela Reuters, o porta-voz talibã não confirmou a autoria do ataque, dizendo que estava a agregar informação.

Nos momentos antes da assinatura do compromisso de paz, verificou-se uma premeditada redução da violência no país. No entanto, os atentados contra o Governo de Cabul foram retomados na segunda-feira. Isto embora o acordo de paz contemple uma espécie de Governo de partilha de poder entre Cabul e os talibã.

Segundo uma porta-voz do Ministério do Interior do Afeganistão, Marwa Amini, em apenas 24 horas os talibã levaram a cabo 33 atentados contra as forças afegãs em 16 províncias, vitimando seis civis.

“Os talibã deviam deixar de matar civis, senão [as Forças Nacionais de Segurança Afegãs] vão começar a tomar medidas e eliminá-los em defesa do nosso povo”, disse Amini.

Esta terça-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, falou por telefone com o líder dos talibãs, Mullah Baradar. Foram 35 minutos de conversa em que o líder do grupo insurgente instou Trump a tomar "medidas determinadas" para garantir a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão, segundo a transcrição da conversa. Já o chefe da Casa Branca disse ter tido uma conversa "muito boa" com o líder talibã.