Operação Fora de Jogo. Presidentes dos “três grandes” arguidos

Também as empresas Gestifute e Proeleven estão a ser investigadas. Liga Portuguesa de Futebol pediu “celeridade de atuação das entidades”.

Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto, Frederico Varandas, presidente do Sporting, e Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, fazem parte dos 47 arguidos constituídos pelo Ministério Público nesta quarta-feira no âmbito da Operação Fora de Jogo. Em causa estão crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais por alegados negócios de contratos e transferências de jogadores que podem ter lesado o Estado português em milhões de euros por fuga aos pagamentos de IVA e IRS.

Além do empresário Jorge Mendes ter sido constituído arguido, também a sua empresa – a Gestifute – está sob investigação pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Segundo o i apurou, também a Proeleven – Gestão Desportiva Lda. está a ser investigada e o seu dono e empresário Carlos Gonçalves foi igualmente constituído arguido. Esta empresa tem vários jogadores agenciados, sendo um deles Diogo Dalot, cuja transferência do Futebol Clube do Porto para o Manchester United em 2018 está a ser investigada. Este negócio rendeu aos dragões 22 milhões de euros.

Segundo a Sábado, estão na mira das autoridades grandes contratos do futebol português e há atletas de vários clubes cujas transferências estão a ser investigadas. Por exemplo, o jogador francês Mangala – negócio do Futebol Clube do Porto – poderá ter lesado o fisco português em cerca de quatro milhões de euros.

Dos dragões, estão a ser também investigadas as transferências de Danilo Pereira, Danilo, Casillas, Osvaldo, Hernâni, Jackson, Falcao, Maxi, Evandro e James Rodríguez. No Sporting há os negócios de Tanaka e Bruno César e, no Benfica, dos jogadores Rafa, Jonas, Ola John, Jimenez, Carrillo e Júlio César.

Bruno de Carvalho, presidente do Sporting entre 2013 e 2018, confirmou ontem que também foi constituído arguido. No Facebook, o antigo presidente dos leões escreveu que “vai ser um puro prazer colaborar com a Justiça para se apurar a verdade” sobre duas das suas “maiores guerras no futebol: os fundos e os agentes”. E acrescentou: “Estou muito feliz por, mais uma vez, denúncias públicas feitas por mim, por causa dos contratos/jogadores Doyen, e não só, estejam a ser alvo de uma mega-operação por parte do MP e AT”.

As buscas feitas na quarta-feira pelo Ministério Público, pela Autoridade Tributária e pela GNR estenderam-se, além dos “três grandes”, a clubes como o Sporting de Braga, o Portimonense, o Vitória de Guimarães, o Estoril e o Marítimo.

A Liga Portuguesa de Futebol reagiu ontem à Operação Fora de Jogo e, em comunicado, disse que “não pode deixar de registar a correção da postura de cooperação evidenciada pelos responsáveis das sociedades desportivas e jogadores de futebol visados pela mesma”, acrescentando que “espera celeridade de atuação das entidades pois o tempo da Justiça tem de ser eficiente”.