Advogado de Armando Vara insiste na tese de “batota” na distribuição do inquérito

Sessão de debate instrutório de Operação Marquês marcada pelas defesas de pai e filha.

Advogado de Armando Vara insiste na tese de “batota” na distribuição do inquérito

A defesa do antigo ministro Armando Vara afirmou, esta sexta-feira, que a acusação de corrupção "não tem ponta por onde se lhe pegue", sublinhando ainda que "houve batota" na distribuição do inquérito da Operação Marquês ao juiz Carlos Alexandre, em 2014.

O advogado Tiago Rodrigues Bastos falou hoje no debate instrutório do processo no qual Armando Vara é acusado de um crime de corrupção passiva de titular de cargo político, dois de branqueamento de capitais e outros dois de fraude fiscal qualificada.

As alegações do advogado centraram-se nas críticas aos procuradores da Operação Marquês, que na sua visão misturaram realidades jurídicas distintas, ao fazerem referência ao processo Face Oculta, no qual o antigo ministro foi condenado.

Tiago Rodrigues Bastos destacou o magistrado Filipe Preces, investigador deste processo, foi "o arquiteto do caso Face Oculta", tendo posteriormente sido responsável por alguns segmentos dos autos, que agora constam deste debate instrutório.

O advogado aproveitou a ocasião para sublinhar que o caso Face Oculta também levantou dúvidas à distribuição do processo. A defesa de Vara aludiu assim aos casos de suspeitas de viciação em sorteios de distribuição de processos, frisando que o sistema de justiça está "absolutamente caótico".

Dirigindo-se diretamente a Ivo Rosa pediu que o tema da distribuição do inquérito, argumento aliás usado por si no requerimento de abertura, não fosse deixado passar “incólume”, por se tratar de um “ato da maior gravidade".

Na sessão de hoje, falou também o advogado de defesa de Bárbara Vara, filha do antigo ministro, que está acusada de dois crimes de branqueamento de capitais em coautoria.

João Cluny alegou que não poderia ser imputado qualquer benefício financeiro à sua constituinte, na medida em que era o pai quem movimentava o dinheiro que tinham na conta bancária.

Bárbara Vara "não está neste processo pelos factos que lhes são imputados porque são falsos e incapazes de preencher os crimes de que está acusada porque não os cometeu, estará certamente por outras razões", insinuando assim que a sua cliente só é arguida no processo Operação Marquês por ser filha de quem é.

"Ela não tinha acesso aos extratos bancários e nem sequer recebia a correspondência. A conta era do pai e era ele que assinava todos os documentos", afirmou o advogado.

Lembrou ainda que o próprio Armando Vara "assumiu sempre a titularidade dos montantes da conta", na fase de inquérito e depois na instrução perante o juiz Ivo Rosa.