Juntas médicas suspensas para libertar médicos para o terreno

Depois de vários apelos da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, do Sindicato Independente dos Médicos e da ordem, a informação de que as juntas médicas vão ser suspensas para libertar os especialistas em saúde pública para o combate ao surto chegou ontem aos médicos.

Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, revelou ao i que receberam essa indicação da DGS e poderão agora reforçar equipas de vigilância de contactos e orientação.

A evolução durante o fim de semana foi rápida e estão agora confirmados casos no Norte, Centro e Sul. O São João, no Porto, e o Santa Maria, em Lisboa, instalaram tendas para receber e orientar casos suspeitos. O Centro Hospitalar de Lisboa Norte anunciou que vão entrar em funcionamento quatro quartos de pressão negativa no Pulido Valente, que permitirão libertar camas em Santa Maria para o Covid-19. No norte estão a ser ativados os hospitais de segunda linha, como Braga e Matosinhos.

A Ordem dos Médicos defende que sejam preparados hospitais para receber em exclusivo casos de coronavírus se a epidemia escalar, em vez de dispersar doentes. O bastonário dos médicos disse ao SOL que esta opção permitiria dar maior confiança à população e melhor gestão do material de proteção. O Governo não esclareceu se seguirá esta via e ainda não é público o plano nacional de resposta.

O pneumologista italiano Pietro Lopalco defendeu ontem ao i que os países devem alargar os testes de Covid-19 a todos os doentes com pneumonia, para despistar o cenário de circulação na comunidade. Ricardo Mexia subscreve a recomendação. “É importante aumentar a nossa pool de testes para ter a certeza de que não temos circulação comunitária. É uma circunstância que nos preocupa: se só estamos a testar pessoas com link epidemiológico, naturalmente não encontramos casos sem link epidemiológico, pelo que faria sentido alargar um pouco mais a definição de caso para incluir outros doentes”.