Lisboa no topo das capitais europeias com mais ruído de tráfego aéreo

Associação ambientalista Zero defende que é urgente acabar com os voos noturnos.

Lisboa no topo das capitais europeias com mais ruído de tráfego aéreo

Um relatório publicado pela Agência Europeia do Ambiente, e analisado pela associação ambientalista Zero, revelou que Lisboa é a segunda capital europeia com mais ruído de tráfego aéreo, a seguir ao Luxemburgo. “As conclusões são verdadeiramente impressionantes e dramáticas”, referiu a Zero em comunicado, acrescentando que “Portugal, comparativamente com outros países da União Europeia e Reino Unido, apresenta uma situação muito desfavorável em termos de níveis de ruído”.

Da análise do relatório publicado na última quinta-feira, a Zero destacou ontem o facto de Portugal ser o país da União Europeia “com maior percentagem de crianças entre os 7 e os 17 anos afetadas por problemas de leitura nas áreas afetadas por tráfego aéreo”. A percentagem é de 6,8% e, em termos absolutos, estima-se que sejam cerca de 7500 as crianças afetadas, o que significa, em comparação com os restantes países europeus e tendo em conta o número de habitantes, que Portugal é o quinto pior país.

No documento, a Agência Europeia do Ambiente cita a Organização Mundial de Saúde para tornar mais claras as consequências da exposição ao ruído provocado pelos aviões. Perturbação do sono, interferência na compreensão oral e escrita das crianças e incidência de doenças cardíacas são alguns exemplos.

Estas conclusões, defende a associação ambientalista, “tornam inequívoca a necessidade de, urgentemente, garantir a exclusão absoluta de voos noturnos, tal como previsto na lei do ruído, e sem quaisquer exceções após o final das obras em curso”. Aém disso, torna-se necessário discutir “o futuro do aeroporto Humberto Delgado no médio prazo, incluindo a sua eventual expansão, não viabilizando o contrato de permanência desta infraestrutura até ao ano de 2062, como previsto no memorando de entendimento entre o Governo e a ANA assinado há cerca de um ano”, refere a Zero.