Covid-19. Portugal a pouco e pouco vai parando

Escolas e universidades encerradas. Visitas a lares, hospitais e prisões suspensas. Este é o retrato, para já, do país com vista a conter o Covid-19.

A pouco e pouco vamos assistindo ao encerramento de vários serviços e espaços no nosso país, enquanto outros vão tendo acesso condicionado. Já este domingo tinha sido anunciado que as visitas aos hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte tinham sido suspensas “temporariamente”, mas as medidas já foram entretanto mais longe. 

“As medidas são tomadas proporcionalmente analisando o risco e a situação de cada um dos casos. Chama-se estratificação do risco”, veio afirmar a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Já esta segunda-feira, o Instituto Português de Oncologia de Lisboa decidiu restringir, a partir de hoje, o horário de visita e o número de visitantes a doentes internados, para reduzir o risco de propagação do Covid-19 naquela unidade hospitalar. A medida entra em vigor por tempo indeterminado. O horário de visita aos doentes internados passa a realizar-se exclusivamente entre as 15h e as 18h e só é permitida a entrada de uma visita ou acompanhante por doente, sem direito a troca de cartão de acesso.

O cenário repetiu-se no Hospital do Espírito Santo de Évora ao limitar o número de visitas aos doentes internados e de acompanhantes nas urgências e consultas externas: além do acompanhante, os doentes internados “poderão receber uma visita, durante 30 minutos”, todos os dias entre as 15h e as 16h30 e entre as 19h e as 20h. Na obstetrícia, é permitida a presença do acompanhante, mas não se realizam visitas. 

A somar a estes casos há que contar ainda com as restrições no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra que já tinha avançado com esta medida em fevereiro e o encerramento do Programa Integrado de Apoio à Comunidade de Matosinhos, ficando os 19 profissionais de saúde que ali trabalham em isolamento domiciliário.

Além disso, o Governo suspendeu as Juntas Médicas de Avaliação de Incapacidade, permitindo que os médicos de saúde pública se dediquem ao surto de Covid-19. 

Ensino No domingo, a Direção-Geral da Saúde anunciou o encerramento de todas as escolas dos concelhos de Lousada e Felgueiras, no distrito do Porto. Mas ontem, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto fechou por tempo indeterminado “todas as instalações onde decorrem aulas”, incluindo Amarante e Penafiel.

Também as aulas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foram suspensas e os estudantes estão interditados de circular no edifício do Hospital de São João. Foram ainda suspensas as atividades de formação – aulas, estágios e visitas de estudo – com a participação de profissionais do Centro Hospitalar Universitário de São João. Já as instalações partilhadas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto vão permanecer encerradas até 20 de março. O cenário repete-se na Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) ao suspender todas as aulas nos seus estabelecimentos de ensino e a encerrar a maior parte dos espaços, de forma preventiva.

Em Portimão foram encerrados dois estabelecimentos de ensino: a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, onde uma aluna foi diagnosticada com Covid-19, e a Escola Básica Professor José Buisel, onde leciona a mãe da aluna doente, também infetada. 

A Escola Secundária da Amadora, no distrito de Lisboa, e a Escola Básica 2,3 Roque Gameiro, no mesmo concelho, estão encerradas até 20 de março, depois de identificados dois novos casos. 

Na Covilhã cerca de 90 estudantes da Universidade do Minho estão em quarentena por terem estado em contacto com um aluno infetado.

Autarquias A Câmara de Felgueiras decidiu encerrar os serviços municipais de acesso ao público, exceto os Paços do Concelho, suspendeu as feiras semanais e cancelou todos os eventos por um mês. Já a autarquia de Lousada tem apenas os Paços do Concelho a funcionar em regime de serviços mínimos, mas apelou à população para só se dirigir ao local em caso de urgência.

Por sua vez, a União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, que abrange a zona história e de diversão noturna do Porto, encerrou todos os seus serviços até à próxima quinta-feira como “medida pró-ativa de prevenção”. E a autarquia suspendeu atividades com saída de transporte e atividades extracurriculares nas escolas e adiou as atividades camarárias que não são urgentes, como visitas e deslocações.

Já a Câmara de Portimão anunciou o encerramento preventivo dos equipamentos culturais e desportivos sob a sua gestão até 31 de março.