Petróleo em queda livre depois de Arábia Saudita abrir “guerra”

Bolsas não escaparam à queda. Só a praça lisboeta perdeu cinco mil milhões num só com dia com a Galp a desvalorizar quase 17%. 

A Arábia Saudita, o principal país exportador de petróleo do mundo, decidiu inundar o mercado com a oferta desta matéria-prima, numa altura em que os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia não conseguiram chegar a um acordo relativamente aos cortes de produção. o O Governo russo reagiu e divulgou que tem uma reserva de 150 mil milhões de dólares para lidar com a perda de receitas provocada pela queda acentuada do petróleo nos mercados. Aliado a isto há ainda que contar com os receios do impacto económico do coronavírus. 

As reações não se fizeram esperar: o preço do barril de petróleo Brent no mercado de futuros de Londres para entrega em maio desceu 24,13%, para os 34,36 dólares, mas durante o dia de ontem, esta matéria-prima chegou a atingir mínimos de 2006 e a registar a pior sessão desde a guerra do Golfo, em 1991. Os mercados bolsistas não escaparam a estas perdas. Só a bolsa de Lisboa perdeu na sessão de ontem cinco mil milhões de euros e só as ações da Galp tombaram quase 17%. Esta foi a maior descida no PSI20 desde outubro de 2008, quando baixou 9,86%, no início da crise financeira mundial.

A petrolífera portuguesa já veio admitir que está a viver “um ciclo desafiante”. No entanto, mostra-se “confiante”, uma vez que “estas ocorrências são cíclicas e fazem parte da dinâmica dos mercados”.

No resto da Europa, algumas bolsas registaram quedas ainda mais acentuadas, como aconteceu com Milão, que desceu 11,17%. Paris baixou 8,39%, Madrid 7,96%, Frankfurt 7,94% e Londres 7,25%.

Do outro lado do Atlântico, o cenário também não foi animador. O Dow Jones afundou 7,79% para 23.851,02 pontos, naquela que foi a maior queda percentual desde 15 de outubro de 2008. Já o Standard & Poor’s 500 recuou 7,60% para 2.746,56 pontos, tendo chegado a afundar 8,01%. Também este índice registou a sua pior depreciação de sempre em pontos, ao perder 225,81 pontos no fecho.

Donald Trump já reagiu e mostrou-se satisfeito pela “guerra de preços” do crude em curso entre a Arábia Saudita e a Rússia. Através do Twitter, o presidente dos Estados Unidos argumenta que a crise petrolífera “é boa para os consumidores, [já que] os preços da gasolina vêm por aí abaixo”.