MP iliba Bruno de Carvalho de ser o autor moral do ataque à Academia de Alcochete

Ministério Público diz que não há provas suficientes que indiquem que Bruno de Carvalho é o autor moral do ataque à Academia do Sporting, em Alcochete.   

O Ministério Público (MP) pediu ontem, durante o primeiro dia das alegações finais do ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, que Bruno de Carvalho, antigo presidente do clube leonino, fosse ilibado. A procuradora de julgamento Fernanda Matias referiu não existirem provas suficientes que atribuam a Bruno de Carvalho a autoria moral do ataque. O Ministério Público que pediu agora a absolvição do ex-presidente do Sporting tinha acusado, no início do julgamento, Bruno de Carvalho de ser o autor moral do ataque. 

Durante as alegações finais que decorreram no Tribunal de Monsanto, a magistrada referiu, citada pelo Observador, que “não se fez prova que tenha ligação ou que tenha dado instruções para o que se passou”. Além disso, o MP deixou cair o crime de terrorismo, que passou a crime por ofensas à integridade física.

Além de não ter ficado provado que Bruno de Carvalho foi o autor moral do ataque, o MP pediu também a absolvição de Nuno Mendes, mais conhecido como Mustafá, e de Bruno Jacinto, antigo oficial de ligação entre o clube e os adeptos. Tanto Bruno de Carvalho como Nuno Mendes e Bruno Jacinto estavam acusados da autoria moral de 40 crimes de ameaça agravada, 19 crimes de ofensas à integridade física qualificadas e 38 crimes de sequestro. 

No total, o caso conta com 44 arguidos e o MP considerou que 41 pessoas estiveram envolvidas no ataque que aconteceu a 15 de maio de 2018, pedindo penas máximas de cinco anos para 37 arguidos – incluindo penas suspensas para aqueles que não apresentem antecedentes criminais e efetivas para os arguidos com cadastro. Para os restantes quatro arguidos, o MP pediu multas, uma vez que ficou provado que entraram na Academia do Sporting depois de ter começado o incidente. “Todos os 37 arguidos que entraram na academia colaboraram no plano do qual fazia parte intimidar os jogadores, fazendo-os temer pela sua integridade física”, referiu o MP.

De acordo com a procuradora Fernanda Matias, a exceção é o arguido Rúben Mendes para quem o MP pediu, apesar de não ter antecedentes criminais, uma pena de prisão efetiva. Rúben Mendes foi o “único que admitiu que ia à academia para bater nos jogadores”. 

 À saída do Tribunal de Monsanto, Bruno Jacinto fez questão de sublinhar que o “amor ao Sporting é inquestionável” e que esta decisão “ainda não é a vitória oficial, porque ainda não houve sentença”. “Sempre estive de consciência tranquila no processo todo, mas não estava dependente de mim. Ouvir a procuradora dizer que estou absolvido de todos os crimes de que estou acusado é formidável”, acrescentou.

O representante de Nuno Mendes referiu que o MP foi “intelectualmente honesto na avaliação” do julgamento, acrescentando que “não é uma vitória, é a reposição da justiça”. “A fase nobre foi a de julgamento, onde foi produzida a prova e toda a verdade que envolveram estes factos. Relativamente ao Nuno Mendes, não tenho a menor dúvida que foi injustiçado”, disse. 

Já Bruno de Carvalho, depois de ouvir as alegações do MP, escreveu nas redes sociais que voltou a ter “um pouco a crença na justiça”. “O pedido de absolvição, por parte do Ministério Público, foi, para mim, uma notícia merecida e que dedico às pessoas que sempre lutaram pela crença na minha inocência e pela reposição da verdade. Ainda nada está ganho, mas esta sensação de início de justiça tinha de ser partilhada com todos”, lê-se na publicação partilhada no Facebook.