Escolas à espera da decisão do Governo sobre encerramento

Conselho Nacional de Saúde Pública defende que só se justifica encerramento de escolas por decisão das autoridades de saúde, mas Conselho de Ministros terá a última palavra.    

O Conselho Nacional de Saúde de Pública não recomenda para já o encerramento de todas as escolas nem das universidades. A decisão sobre a antecipação ou não das férias da Páscoa foi no entanto remetida para o Conselho de Ministros desta quinta-feira. Após uma reunião que durou várias horas, Jorge Torgal, do CNSP, anunciou numa conferência de imprensa na Direção Geral da Saúde que para já, o entendimento dos especialistas é que só se justifica o encerramento de escolas, seja no público ou no privado, em que isso seja determinado pelas autoridades de saúde. O mesmo em relação a museus e outros equipamentos culturais, medidas para as quais nos últimos dias avançaram várias autarquias, incluindo Lisboa e Porto, sem que houvesse essa indicação por parte da Direção Geral da Saúde. “Não podemos estar antecipadamente a criar medidas desproporcionais”, disse a diretora-geral da Saúde Graça Freitas.

A mensagem já tinha sido deixada pelo primeiro-ministro em Berlim, onde disse aos jornalistas que é preciso “agir com base na informação dos técnicos”, “adotar as medidas necessárias em função de cada situação”, acrescentando que “até agora, foram encerradas escolas onde estavam pessoas infetadas e havia risco de contaminação”.

No entanto, a Escola Básica 2,3 de Coruche, onde foi confirmado um caso positivo de Covid-19, continua aberta e com aulas a decorrer, uma vez que não houve qualquer indicação da parte da tutela para o seu encerramento. Sobre este assunto, Francisco Oliveira, presidente da Câmara de Coruche, garantiu que “se nada for feito por parte do Governo quanto ao encerramento das escolas a nível nacional”, vai pedir a suspensão das aulas naquela escola específica. “As medidas cautelares da saúde não indicam o encerramento daquele estabelecimento escolar. No entanto, face a algumas situações de alarmismo, de preocupação, faremos as diligências nesse sentido se nada for feito por parte do Governo”, referiu o autarca.

A aluna a quem foi detetado o novo coronavírus é filha de uma trabalhadora que contraiu a doença no local de trabalho – empresa que ainda continua em atividade. Ao i, chegaram relatos de pais de Coruche que estão assustados com a situação e que ponderam não levar os filhos à escola.

Neste momento, todas as escolas dos concelhos de Lousada e Felgueiras, no distrito do Porto, estão encerradas, assim como duas escolas em Portimão e duas na Amadora.

O cenário nas escolas privadas é diferente – cada uma faz a sua própria gestão. Ontem, depois de ter sido confirmado um caso positivo de um familiar de um aluno do Colégio de S. Tomás, em Lisboa, a escola decidiu suspender atividade. Ao i, a direção referiu que os alunos vão ter aulas através das plataformas online disponíveis. Além disso, os professores têm já preparados materiais didáticos para fornecer aos alunos, que vão do primeiro ciclo ao secundário. Também o Colégio São José, em Sintra, do mesmo grupo, fechou por precaução. Na terça-feira já tinha sido anunciado o encerramento do São João de Brito e do Liceu Francês. Também universidades, públicas e privadas, suspenderam as aulas presenciais. 

Centros de explicações esperam orientações Alguns centros de explicações estão à espera das indicações que o Governo vai dar às escolas públicas para decidir se continuam ou não abertos. Exemplo disso são os centros de explicações Ginásios Da Vinci, a maior rede de centros de explicações no país – com espaços abertos de norte a sul – decidiu seguir a mesma linha recomendada pelo Governo às escolas públicas. Ao i, Sandra Romão, da direção, explicou que se as escolas fecharem, então os espaços vão também suspender as atividades presenciais, uma vez que são um complemento das escolas.

Caso os espaços encerrem, os alunos continuam a ter explicações, mas em casa, através das plataformas digitais disponíveis, como o Skype. Os professores do centro passam a dar aulas virtuais, através de vídeo, permitindo aos alunos continuar a estudar em casa.