Polícias portugueses são dos que mais se suicidam na União Europeia

Estudo concluiu que 149 elementos das forças policiais puseram termo à vida desde 2000. 

Os polícias portugueses são dos que mais cometem suicídios na União Europeia. Segundo um estudo apresentado no Congresso da Eurocup, confederação de sindicatos de polícias de 27 países europeus, em Vila Nova de Gaia, cerca de 150 polícias portugueses suicidaram-se desde 2000 e a maioria das vítimas são homens entre os 38 e os 40 anos. De acordo com o mesmo estudo, os polícias que puseram termo à vida utilizaram a arma de serviço para o fazer, através de um disparo na cabeça. “Infelizmente, em Portugal, estamos na primeira linha da Europa em suicídios. Abaixo de nós estão as polícias francesas e espanholas”, lamentou Miguel Rodrigues, dirigente do Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP), ao JN, sublinhando ainda que para a concretização do estudo foram analisados os últimos 110 casos de suicídios tanto na GNR como na PSP. 

“Os polícias devem ter mais apoios das chefias, mais facilidades de deslocação para perto das famílias e até apoio da própria sociedade”, adiantou, abordando ainda as causas das mortes: problemas no serviço, sendo por isso necessário a melhoria das “condições de trabalho”, bem como dos “vencimentos”.

Além disso, o estudo concluiu também que o número de agressões a agentes da PSP aumentou consideravelmente, tendo  chegado ao quíntuplo comparando com os anos de 2017 e 2018. Só em 2018, recorde-se, o número aumentou de 216 casos para 1019 e a taxa de suicídios na PSP e na GNR era já duas vezes superior à da população em geral.
O certo é que o número de suicídios entre as forças policiais portuguesas tem aumentado exponencialmente há mais de dez anos. Em 2008, por exemplo, o número de casos apenas na GNR quadruplicou em relação à média dos anos anteriores. “As forças de segurança não têm psiquiatras em número suficiente e por isso deveriam fazer protocolos com os serviços distritais de Psiquiatria. O Ministério da Administração Interna tarda em fazer protocolos”, lembrou, na altura, o psiquiatra Daniel Sampaio, então coordenador do Núcleo de Estudos do Suicídio do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. “É claro que não se pode fazer a prevenção do suicídio sem um psiquiatra, porque na base está um problema de depressão que tem de ser tratado de um ponto de vista clínico”, sublinhou, reforçando também que muitos objetivos não são concretizados, o que dificulta a diminuição de casos em Portugal.