Governo aceitou rever situação de pais com profissões essenciais para combate a Covid-19, diz Ordem dos Médicos

Médicos pediram à ministra da Saúde que permitisse que pais pudessem ficar alternadamente com as crianças.

A Ordem dos Médicos avançou esta manhã que o Governo aceitou rever o decreto publicado na sexta-feira que prevê a abertura de uma escola por agrupamento para que filhos de profissionais de saúde e agentes de segurança possam deixar os filhos e continuar a trabalhar. Os médicos apelaram este sábado para que fosse encontrada outra solução para os casais em que dois elementos têm estas profissões, nomeadamente os pais poderem trabalhar alternadamente. A decisão ainda não foi confirmada pelo Ministério da Saúde.

"Esta legislação, apesar de poder numa primeira leitura conduzir a uma conclusão bondosa, coloca em risco toda a estrutura familiar e tem também um impacto psicológico e logístico negativo muito forte nos casais que seriam obrigados a trabalhar deixando os filhos para trás, quando em situação de crise estão a cumprir, por vezes, turnos de 12 a 24 horas”, salienta o bastonário da Ordem dos Médicos, num comunicado tornado público pela Ordem. Miguel Guimarães contrapõe que “é mais eficaz que um dos pais trabalhe a tempo inteiro e que o outro possa trabalhar parcialmente ou ficar agora em casa e voltar ao serviço mais tarde, quando os médicos que têm estado na frente de combate precisarem de parar ou adoecerem. Desta forma também minimizamos a possibilidade de os dois elementos do casal adoecerem ao mesmo tempo, deixando os filhos totalmente sem apoio". O apelo foi feito também por Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem, que considerou que a medida podia constituir uma bomba-relógio na resposta à epidemia.

Miguel Guimarães tornou também público o apelo que dirigiu a todos os médicos para que adiem férias pelo menos até junho. "Este é um momento de estarmos todos juntos no combate a esta pandemia”, diz o bastonário, adiantando que muitos médicos estão já a adiar as férias que tinham previstas para os próximos meses. A Ordem agradece ainda o apoio público manifestado aos profissionais de saúde nos últimos dias. "Como médico fiquei emocionado com a bonita homenagem pública que fizeram aos médicos e restantes profissionais de saúde, ao virem à janela bater palmas. Contem com a Ordem dos Médicos e com os médicos para os tempos difíceis que continuaremos a viver. Somos parte da solução e continuaremos a estudar e propor medidas”, diz Miguel Guimarães no mesmo comunicado, insistindo na importância dos hospitais e centros de saúde adiarem todos os atos não urgentes, como consultas, cirurgias e exames de rotina.