Padre defende que suspensão de missas é “altamante lamentável”

Padre da Diocese de Leiria-Fátima questiona se a suspensão da celebração da missa não se está “a submeter ou a rebaixar Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, médico divino por excelência, ao medo e a um vírus”.

Um padre da Diocese de Leiria-Fátima, Manuel Pina Pedro, criticou a suspensão das missas comunitárias no país, esta sexta-feira, através do Facebook, considerando a atitude “altamente lamentável” e “verdadeiramente impensável”, apelando aos que o seguem nas redes sociais e que "têm fé e estão de boa consciência, que rezem e façam o que for possível, naturalmente dentro dos parâmetros racionais e da paz, para que os senhores bispos levantem a referida suspensão".

Manuel Pina Pedro aponta que a suspensão das missas pode estar a dar a entender que a missa é "algo irrelevante". “Se Jesus Cristo (…) tem poder para perdoar pecados (por mais graves que sejam), para libertar possessos, curar doentes, ressuscitar mortos, etc., será que não tem poder para nos libertar de uma pequena criatura, o coronavírus?”, questiona o vigário paroquial de Urqueira e de Casal dos Bernardos (no concelho de Ourém).. 

O padre questiona ainda os seus seguidores se ao suspender a celebração da missa não se está “a submeter ou a rebaixar Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, médico divino por excelência, ao medo e a um vírus” e sugere seguir o exemplo da Polónia, país onde nasceu João Paulo II, que começou a incentivar a celebração da missa com menos pessoas e ao ar livre.

O vigário paroquial aponta não compreender como é possível “que trabalhadores estejam no seu local de trabalho durante oito horas ou mais, que restaurantes, pastelarias, supermercados, transportes públicos e outros estejam acessíveis ao povo”, e que seja proibido "que estejam nas igrejas apenas uma hora”, para celebrar a missa. 

O bispo de Leiria-Fátima, António Marto já respondeu ao padre e diz que apesar de compreender as suas questões, “a medida extrema do cancelamento das missas comunitárias foi tomada por muitas conferências episcopais e pelo próprio papa, não por se considerar ‘irrelevante’ a eucaristia, mas por exigência de saúde pública para salvar pessoas da doença e da morte por causa do contágio nos grupos de pessoas”.

António Marto refere que Jesus veio para "curar e salvar e deu à Igreja a mesma missão". Logo, "a Igreja não pode, por uma fé e zelo mal entendidos, contribuir para que pessoas sejam contagiadas e morram por falta de cuidado e prudência de algum pastor”, sublinha.

O bispo defende que “o vírus não permanece fora das portas das igrejas” e que “a confiança em Deus, a oração e a comunhão eucarística são uma realidade muito diferente do tentar a Deus e desafiá-lo com a pretensão de milagres”.