O poema de Alegre para Lisboa de quarentena

Alegre descreve uma Lisboa “com praças cheias de ninguém”,  que “ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste” e, que apesar de tudo, “ainda resiste”.

O poema de Alegre para Lisboa de quarentena

Em tempos de pandemia, o poeta Manuel Alegre publicou um poema dedicado a Lisboa, uma cidade que, como o resto do país, vive em estado de emergência desde quinta-feira. Alegre descreve uma Lisboa “com praças cheias de ninguém”,  que “ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste” e, que apesar de tudo,  “ainda resiste”.

“Lisboa não tem beijos nem abraços

não tem risos nem esplanadas

não tem passos

nem raparigas e rapazes de mãos dadas

tem praças cheias de ninguém 

ainda tem sol mas não tem

nem gaivota de Amália nem canoa

sem restaurantes, sem bares, nem cinemas

ainda é fado ainda é poemas

fechada dentro de si mesma ainda é

Lisboa

cidade aberta

ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste

e em cada rua deserta

ainda resiste

 

20 Março 2020

Manuel Alegre”.

O poema foi partilhada na sexta-feira, no Facebook, e este domingo já contava com mais de 8.700 partilhas e centenas de comentários.