Curry Cabral pode tornar-se “hospital exclusivamente dedicado à covid-19”, afirma António Costa

O primeiro-ministro abordou ainda questões como a falta de materiais de proteção nos hospitais e o número de testes feitos diariamente. O diretor do serviço infeccioso do Hospital Curry Cabral, Fernado Maltez, apontou que no hospital são realizados 120 testes por dia.

António Costa fez um balanço sobre a situação atual da covid-19 em Portugal, esta quarta-feira, depois de uma visita ao Hospital Curry Cabral em Lisboa, onde estão várias pessoas infetadas com covid-19

O primeiro-ministro explicou que teve intenção com a sua visita mostrar o seu "profundo reconhecimento aos profissionais do SNS, designadamente aos que trabalham no Curry Cabral" mas também avaliar a disposição da instituição de saúde para se tornar "um hospital exclusivamente dedicado à covid-19".

António Costa disse aos jornalistas que esteve a avaliar o espaço do serviço de doenças infecciosas do Curry Cabral para perceber "a capacidade do hospital de alargar o seu potencial e de passar das 36 camas para um total de 300 camas, ocupando assim outros serviços hospitalares".

Questionado sobre se irá ocorrer um aumento dos testes realizados em Portugal, agora que o país irá entrar na fase da mitigação, o primeiro-ministro disse que devemos manter o estado de emergência, o isolamento, para evitar a expansão da pandemia. "Isto é a chave disto tudo. Acima dos testes é necessária uma enorme disciplina" e indicou várias medidas indicadas pela DGS, como não tocar na cara, lavar as mãos, evitar cumprimentar os outros, de modo a evitar a propagação da doença.

Sobre a falta de material nos hospitais reportados pelos profissionais de saúde, o primeiro-ministro sublinha que existe muito material encomendado e que continuam a ser feitas encomendas diariamente. António Costa diz que Portugal está à espera de receber vários materiais e aponta vários: cerca de 380 mil batas, 549 mil fatos, 6 milhões de luvas esterelizadas,10 milhões de luvas não esterilizadas, 368 mil máscaras com viseira e 17 milhões de máscaras cirúrgicas.

O diretor do serviço infeccioso do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez, seguiu a António Costa e garantiu aos jornalistas presentes no hospital que a insituição nunca sofreu por falta de equipamentos depois do aparecimento da covid-19, sublinhando a importância da racionalização.

O diretor do serviço infeccioso do Hospital Curry Cabral sublinha que o mais importante para os profissionais de saúde poderem atuar da melhor forma neste momento está nas mãos da população: É necessários que os cidadãos obedeçam às medidas de contenção, de modo a que não ocorra um pico de pessoas infetadas pela covid-19, algo que irá obrigar o hospital a ter um número de equipamentos de proteção individual em número cada vez maior.

Fernando Maltez elogia o Governo português e diz que o país tomou, na sua opinião, medidas mais precoces e mais atempadas do que outros países da UE.

De acordo com o diretor do serviço infeccioso do Hospital Curry Cabral, estão 22 doentes internados no setor de enfermaria, 145 encontram-se em isolamento domiciliário e 15 doentes estão nas unidades de cuidados intensivos.

Fernando Maltez aponta ainda que faleceram dois doentes, em cuidados intensivos, no Curry Cabral, até hoje. Questionado sobre o número de testes realizados no hospital, o diretor afirma que são feitos à volta de 120 testes diariamente.

Em relação à evolução da pandemia, as características da doença do nosso país é "idêntica" à dos outros países, aponta Fernando Maltez, logo em termos de mortalidade é esperado que a taxa de mortalidade chegue aos 3,1%. "Espera-se que as características se mantenham em Portugal", aponta o diretor.