Totò. O fidalgo que tinha cara de borracha e se roía de ciúmes

Chamaram-lhe il Principe della Risata,  mas Antonio de Curtis era mesmo príncipe  de sangue, cavaleiro, duque e conde. Combateu na I Grande Guerra e não gostou. Sobretudo, combateu a monotonia, mesmo que tivesse de se pendurar numa varanda  para pescar presuntos.

Totò tinha um nome infinito. E não, não era mais uma das suas intermináveis pilhérias. De início começou por ser Antonio Clemente, filho de uma siciliana chamada Anna Clemente e do marquês napolitano Giuseppe de Curtis que não gostou particularmente que a sua amante tenha levado adiante uma incomodativa gravidez que o diminuía na escala social. Razão mais do que suficiente para só ter reconhecido o filho em 1937, ou seja, quando Antonio já tinha 39 anos e se estava nas tintas para o biltre Giuseppe já que comprara, e o termo é inequívoco, um pai adotivo, igualmente marquês, Francesco Maria Gagliardi Focas, ao qual pagava uma generosa anuidade. Imaginem agora a quantidade de nobreza, mesmo que de pacotilha, que se colou à pele de Antonio quando passou a ser, simultaneamente, filho de dois marqueses e foi reconhecido pela Consulta Araldica, um conselho que assiste o rei de Itália em questões de nobreza, como Antonio Griffo Focas Flavio Ducas Komnenos Porfirogenito Gagliardi de Curtis de Bizâncio, Alteza Imperial, conde do Palatino, cavaleiro do Sacro Império Romano, exarca de Ravenna, duque da Macedónia e da Illyria, príncipe de Constantinople, da Sicília, da Tessália, do Ponto Euxino, da Moldavia, da Dardania e do Peloponeso, Conde Chipre e de Epiro, conde e duque de Drivasto e de Durazzo. Ufa! Convenhamos: é de provocar cãibras na língua. E nada mau para um miúdo que cresceu em Rione Sanità, na Via Santa Maria Antesaecula, no quarteirão de Stella, um dos mais pobres bairros de Nápoles. Do quilé!, como diria o meu amigo e mestre Fernando Assis Pacheco.

Antonio era um fedelho de rua. De tal forma que interiorizou o napolitano como língua. Oficialmente não é uma língua e sim um dialeto, já que em Itália ainda não lhe reconheceram estatuto oficial. Cerrado, comedor de palavras, o napolitano serviu para que o futuro Totò construísse com ele não apenas poemas extraordinários como letras de músicas inconfundíveis. «Femmena/Si’ doce commo zzuccaro/Peró ‘sta faccia d’angelo/Te serve pe’ ‘nganná!»: eis um dos momentos mais tocantes da história do cinema italiano. Escreveu a canção para o filme Totò, Peppino e la Malafemmina, dirigido por Camilo Mastrocinque em 1956, dedicou-a a Diana Bandini depois da separação de ambos em 1950. Impressionante como um dos maiores cómicos de todos os tempos, personagem de humor profundo, foi capaz de construir um edifício musical de tão aguda melancolia e tristeza: «Femmena/Tu si’ ‘a cchiù bella femmena/Te voglio bene e t’odio/Nun te pòzzo scurdá…» Algo que o elevou à grandeza de Charlie Chaplin autor, em 1936, de outro dos mais tocantes temas musicais da história do cinema: Smile, apresentado em Tempos Modernos.

Antonio de Curtis não se limitou a ser um humorista, mesmo que principesco. Ganhou o estatuto de uma das figuras maiores da cultura italiana do século XX. Umberto Eco, o escritor e filósofo, linguista e semiólogo, diretor da Escola Superior de Ciências Humanas da Universidade de Bolonha, escreveu sobre ele: «Neste mundo globalizado onde todos parecem ver os mesmos filmes e comer a mesma comida, ainda há divisões inquebráveis entre culturas. Como poderão as pessoas entenderem-se umas às outras se desconhecem quem foi Totò?»

Entre a igreja e a guerra

Anna Clemente não era, certamente, nenhuma malafemmina. Pelo contrário: era fanaticamente religiosa, católica empedernida que tinha o sonho de ver o filho tornar-se padre, com cabeção, tonsura e tudo e tudo. Antonio, o arruaceiro, não quis nem saber. Tornara-se um bufão, mau aluno, relapso, que gostava de usar os punhos em refregas frequentes e a quem um padre partiu o nariz com um soco vigoroso, deixando-lhe o septo nasal entortecido, coisa que até lhe deu jeito para definir fisicamente personagens que mais tarde criou, algumas delas espinafrando com força os ministros da Santa Madre Igreja.

Tinha um jeito especial para fazer imitações e aos 15 anos já participava em pantomimas nos pequenos teatros de Nápoles. Depois veio a I Grande Guerra e o jovem de Curtis alistou-se patrioticamente. Amaldiçoou a precipitação do gesto mal foi obrigado a envergar uma farda. Quando começou a sentir as balas assobiarem-lhe aos ouvidos entrou em pânico. Diria mais tarde que considerava todo o cenário militar uma das coisas mais ridículas que lhe fora dada conhecer. Fingiu um ataque cardíaco para evitar que o enviassem para a frente, mas de pouco lhe serviu. Nem sequer de lição, como veremos. Parecia que o humor lhe secara nas veias. Algo muito impróprio de Clemente, o criptónimo que adotara entretanto.

Em 1918, Antonio estava de regresso à boa-vai-ela napolitana e conheceu dois irmãos cuja fama se espalhara pela cidade como fogo em campo de palha seca: Peppino e Eduardo De Filippo. Peppino marcaria a sua vida de forma indelével. Com ele desenvolveu a arte do grotesco, o exagero das expressões faciais, o surrealismo e o non-sense. Formariam uma dupla que participou em películas como Totò, Peppino e la Malafemmina; Totò, Peppino e i Fuorilegge; Totò e Peppino Divisi a Berlino; e La Banda Degli Onesti. Não perdiam a oportunidade de espetarem farpas um ao outro: «Ho un fratello di nome Peppino: io sono il primogenio, lui il secondogenio, ma è un cretino».Em 1922, Totò mudou-se para Roma. Nápoles tornara-se demasiado pequena para a imensidão do seu talento. Passou a ser um mestre do avanspettacolo, um estilo que misturava música, ballet, comédia e todas as formas concebíveis de entretenimento que não tardaria a instalar-se no cinema. Antonio de Curtis brilhava nos cartazes e serviu de prancha de lançamento para o sucesso posterior de Eduardo De Filippo, Aldo Fabrizi, Lino Banfi.

Com a fama vieram as mulheres. Antonio era um charmeur. Atraía o sexo oposto como se estivesse coberto de ouro, e não tardou a está-lo. Os papéis que assumia ganharam tal popularidade que muitos acreditavam piamente na existência das personagens: Totò Toretota, Barone Tomomeo dei Tolomei, Aristide Tromboni, Professore Totò Casamandrei, Cesar Posalaquaglia, Comissario Di Sapio, e mais e mais e mais e mais…

À medida que os anos foram correndo nas folhas do calendário, o infatigável Antonio corria atrás da fama e das fêmeas. Conheceu Liliana Castagnola e a sua vida de humor ganhou um traço trágico que o iria perseguir até à morte. Liliana era uma cantora genovesa que começara desde muito jovem a frequentar o mundo equívoco das celebridades. Numa das suas digressões foi definitivamente expulsa de França por ter provocado um duelo até à morte entre dois seus pretendentes. Em Roma passou a ser vista continuamente na companhia de homens ricos e de alta posição social. Depois, certa noite de dezembro de 1929 foi ao Teatro Nuovo ver o espetáculo de Totò. O olhar aguçado de de Curtis fixou-a no primeiro instante em que caiu sobre ela. Aguçado e lúbrico. «In questa epoca io ci vivo per sbaglio», costumava dizer. O erro surgiu logo na manhã seguinte quando Liliana recebeu um enorme ramo de flores enviado por Antonio. A paixão foi tão fervilhante quanto curta. Muitas flores, muitos telefonemas, muitas cartas, uma vertigem meio enlouquecida de arrebatamento e o final de sempre para Totò: simplesmente fartou-se. Aproveitou um convite da companhia Cabiria para uma série de espetáculos em Pádova. Castagnola suplicou-lhe que não fosse, que não a deixasse sozinha. Ele fez orelhas moucas e partiu. Soube pouco depois que a amante se suicidara ingerindo um frasco de soporíferos com uma garrafa de vodca.

Os remorsos poderiam ser sublinhados por uma das suas célebres tiradas no filme Giro d’Italia: «Vi ringrazio amici di essere intervenuti a questa mia vittoriosa sconfitta». A vitoriosa derrota do amor de Liliana estava prestes a transformar-se numa vitoriosa vitória. Dois anos bastaram para que o coração de Totò começasse a bater como o de um cavalo. «Vorrei una moglie, possibilmente di prima mano»: Diana Bandini Luchesini tinha 16 anos. Mais em primeira mão seria difícil de encontrar.

Comprador de apelidos

Tinham decorrido dois anos sobre o suicídio de Liliana e já Antonio se via metido noutra camisa de onze varas, situação que parecia agradar-lhe de sobremaneira. A despeito de ter exibido sempre uma espécie de desprezo sobranceiro pela sua nobreza multiplicada em títulos e apelidos, resolveu oferecer à sua nova apaixonada um nome de família mais sonante do que os que herdara da mãe (Bandini) e do pai (Luchesini) e comprou-lhe outro mais sonante: Rogliani. Para isso arranjou-lhe um pai adotivo, um fidalgo decadente de Nápoles chamado Ernesto Rogliani Serena de San Giorgio, que, por uma verba razoável, não teve pejo em ceder a Diana o apelido. Totò parecia apegado à ideia de pais falsos. E a forma como tinha sido desprezado pelo pai verdadeiro contribuiu para isso indubitavelmente. Não haveria quem o contradissesse: «C’è chi può e chi non può: io può».

Aluna interna de um colégio de raparigas, a miúda em primeira mão de Totò começou a ver o mundo a andar à roda. Cunhada de um amigo do ator, Raniero di Censo, Diana caiu sob a alçada da irmã, Elena, de cada vez que de Curtis procurava uma aproximação mais íntima. A relação tomou foros de dança a quatro. Tanto Raniero como Elena concordaram na necessidade de manter o trintão apaixonado à distância da sua mais do que provável vítima. Era subestimar a imaginação prodigiosa de Totò. Ou, pior ainda, provocar a sua infinita teimosia a um ponto em que teria de se libertar de vez da irritante teia familiar que rodeava a sua amada.

Inevitavelmente, Diana deixou-se encantar pela magia do príncipe de Curtis. Fugiu do colégio, foi ter com ele a Roma e não foi preciso grande esforço, podemos supor sem correr o risco de errar por muito, para engravidar de uma menina à qual a mente retorcida de Totò decidiu impor o nome de Liliana. Depois casaram-se e o casamento tinha tudo para acabar mal. «Ogni limite ha una pazienza», gostava ele de dizer, virando o ditado do avesso…Para um homem com tamanho sentido de humor, algo nele não tinha qualquer tipo de piada: um ciúme que roçava o patológico. Num ato meio tresloucado, obrigou a adolescente a viajar até à Hungria de maneira a poderem casar-se sem o consentimento dos pais dela. Não contente com isso, mandava vigiá-la constantemente com pânico de a ver cair nos braços de algum cavalheiro mais próprio da sua idade.

Fermo con le Mani, um filme de 1937, dirigido por Gero Zambuto, universalizou de uma vez por todas a fama de Totò no papel de um desgraçado que vivia de biscates e foi obrigado a travestir-se de pedicura para sobreviver até não suportar mais o cheiro pestilento dos pés de um velho que lhe encomendou uma massagem. Tudo na aventura tinha um toque de Charlot, mas a originalidade de um comediante que se lançava em gigantescos monólogos plenos de neologismos abriu às escâncaras os portões do cinema para Totò. A trama grotesca da película que se seguiu, Animali Pazzi, de Carlo Ludovico Bragaglia, no qual o Barone Tolomeo di Tolomei estava obrigado a desposar a vizinha antes dos 50 anos para poder herdar a enorme fortuna do tio, sendo internado num zoológico de animais enlouquecidos se não o conseguisse, foi um passo de gigante para a afirmação do seu humor absolutamente non-sense. E tratou de se libertar dos outros comuns mortais: «L’uomo discende dalla scimmia. Io no perché sono raccomandato». Aquele homem que não descendia do macaco porque tinha uma cunha qualquer só podia ser mesmo um príncipe…

Entre o choro e o riso

Para um fulano que sabia divertir os outros como ninguém, a cabeça de Antonio de Curtis era um tormento. Sofria profundamente com o facto de ser filho ilegítimo e, com a morte do pai adotivo, o marquês Francesco Maria Focas, tratou de construir a sua própria heráldica carregada de títulos bastante grotescos por sinal. A sua obstinação fez com que o nome infinito fosse oficialmente reconhecido e esse terá sido um dos momentos mais impantes da sua vida. Desmentiu-se em Miseria e Nobiltá: «La vera miseria è la falsa nobiltá». Pelo caminho foi agraciado com o Nastro d’Argento, o prémio anual do cinema italiano, pelo filme Guardi e Ladri no qual fazia o papel de Fernando Esposito, um troca-tintas trafulha que tinha o polícia Fabrizi colado aos calcanhares. Lamberto Sechi, um crítico feroz, publicou um texto elogioso no qual destacava: «Ci sono voluti quindici anni perché dal comico Totò nascesse l’attore Totò, perché la marionetta diventasse uomo.(…) Totò non sorride mai, ha dato estrema dignità a un personaggio che poteva invece riuscire tutt’al più degno di commiserazione».

A vida mudava para Antonio. Entrava a arejada avenida do grande cinema e deixava as ruelas estreitas da simples comicidade. Embora o diálogo entre Esposito e o carabiniero seja dos mais hilariantes da cinematografia de todos os tempos: Totò teima em chamar comendador ao guarda, este reclama que não é comendador nenhum, o trampolineiro insiste com o argumento que um tipo tão gordo tem de ser comendador e o desesperado interlocutor abria os braços incrédulo: «Ma perché? I commendatori vanno a peso ?»

O príncipe de Constantinopla estava pronto para mais uma conquista e ela chegou na figura esbelta de mais uma rapariguinha, Franca Faldini, filha de um bêbado de cinco gerações que fizera castings para modelo nos Estados Unidos durante um ano antes de regressar a Itália. Tornaram-se inseparáveis. Mas nunca se casaram. Totò já não tinha paciência para mais bodas. Já se convencera que a frase que soltara em Totò e le Donne era bem mais realista do que à primeira vista poderia parecer: «Non sono cretino, sono stato cretino un solo giorno: quello del matrimonio». Franca não o diminuiu. Nada que se parecesse. Mas Ducas Komneno Porfirogenito caminhava rapidamente para velho, ultrapassara os 53 anos, trazia a reboque uma miúda trinta anos mais nova e ganhara uma fama que atravessava fronteiras.

Em 1954 recebeu com alegria a notícia de que iria voltar a ser pai, logo ele que conseguira incompatibilizar-se com a filha Liliana depois do casamento desta com Gianni Buffardi, um figurão que não lhe caíra no goto. E Totò tinha uma habilidade fantástica para ser profundamente desagradável. Um verdadeiro dom.Talvez Deus embirrasse com o cavaleiro do Sacro Império Romano. Certo é que não lhe facilitou a existência. Massenzio morreu poucas horas depois de ter sido expelido pelo útero Franca Faldini e isso abateu Totò de uma maneira violenta e arrastadora. «Mi sono seduto su una sedia che aveva un chiodo sul fondo e mi sono fatto male ai paesi bassi», afirmava em Un Turco Napoletano. Mas as dores de Antonio não se resumiam aos seus países baixos, alastrara-se ao coração e aos olhos.

As lágrimas que chorara ou secara afetaram-lhe a visão ao ponto de passar por momentos de cegueira completa. O fim aproximava-se a olhos vistos, para utilizar um trocadilho, arma do humor que tanto gostava. Il Principe Della Risata morreu no dia 15 de abril de 1967, com 68 anos. Prova da sua maioridade como artista foi o poema La Livella cujo tema é, precisamente, a morte. Um desgraçado fica fechado num cemitério depois de ter visitado a campa da tia e assiste ao diálogo entre um marquês e um varredor de ruas, ou melhor, entre as almas de ambos que estão enterrados lado a lado. La Livella foi estruturada em 104 versos todos decassílabos, vinte e seis estrofes de ritmo alternado e foi escrita em napolitano no original com o nome de ‘A Livella. Inicia-se no dia 2 de novembro, aquele que ganhou o apodo de Dia dos Fiéis Defuntos: «Ogni anno, il due novembre, c’è l’usanza/per i defunti andare al Cimitero./Ognuno deve fare questa gentilezza;/ognuno deve avere questo pensiero».

Se muitos duvidaram da bondade do coração de Antonio de Curtis, o popular Totò, ninguém terá o direito de pôr em causa a resistência do dito. Depois de ter feito um eletrocardiograma e recebido por parte do médico a feliz notícia de que a maquineta estava impecável, carburando como a de um atleta adolescente, sofreu um ataque cardíaco. Sim, sim, um episódio tão sem sentido que poderia ter feito parte de um dos seus filmes. No dia 15 de abril, pelas três da manhã, o coração explodiu-lhe literalmente no peito, desmentindo todos os anteriores diagnóstico.Antonio de Curtis revelou desta forma a sua crença: «Non sono esistenzialista, sono romanista democratico, ma qualche volta tifo per il Napoli».

Embirrava com a Juventus de tal forma que lhe aplicou um aforismo latino: «Audax fortuna Juventus». 48 horas depois de ter morrido, viu-se embrulhado numa manifestação popular que roçava o religioso. O povo saiu à rua para se despedir daquele que soubera fazê-lo rir das suas próprias caricaturas tão italianas. Homem de exageros, Totò continuou a exagerar. Teve direito a três funerais. O primeiro em Roma, caixão acompanhado por milhares e milhares de pessoas desde a saída do féretro da igreja de Sant’Eugenio ao longo da Viale delle Belle Arti. O segundo na sua cidade de Nápoles, mergulhada num desgosto absolutamente especial. O terceiro, mais sinistro, levado a cabo por um dos chefes da Camorra: um ataúde vazio foi levado em ombros por entre as ruas apinhadas do bairro onde nasceu, Rione Sanità. Podia, do lugar onde estivesse, dizer-lhes naquela sua voz de tom enrouquecido pelo consumo tresloucado de cigarros: «Sono morto oggi, sono un morto di giornata».

Mario Monicelli, diretor e argumentista maior da Commedia all’Italiana, rabiscou assim o obituário do príncipe do Ponto Euxino: «Nunca fomos capazes de perceber Totò. Era um génio e não apenas um ator grandioso. Fomos responsáveis por constrangê-lo, por diminuí-lo, forçámo-lo a ser um simples ser humano. Cortámos-lhe as asas». Continuará a voar para sempre nos filmes que merecem ser vistos repetidamente até ao fim dos tempos. «Signori si nasce, cretini si muore. Signore si nasce, e io lo nacqui, modestamente». Bem, o modestamente não lhe faz justiça. Nem era expressão que lhe servisse como uma luva. Mas, afinal, a sua vida foi cheia de contradições.