2020: Terror no mundo

Não há sistema de saúde que esteja dimensionado para surtos de epidemia quanto mais pandémicos, seja ele público ou privado. A hora não é de carpir mágoas nem de cavalgar em politiquices de quem não vê para além da sua quinta. 

Oterror paralisa as mentes! Aos líderes espera-se sangue frio, capacidade de transmitir confiança na sua liderança e, em momentos como estes, união da comunidade.

Não há receitas milagrosas. Parece um sonho do qual não despertamos ou quando acordamos, o pesadelo persiste. Os mais velhos tremem, indefesos nas suas crónicas doenças com as perspetivas negras da pandemia a atingir 60-70% da população e em que a realidade da morte tem altas probabilidades na sua faixa etária, os mais novos acreditam que ficará uma recordação marcante tanto mais ténue quanto as décadas forem passando.

Aqueles que da minha geração têm memória recordam-se que foi assim na gripe asiática (1957/8) ou na gripe de Hong-Kong (1968/9). As memórias ficaram lá atrás, mas ainda muitos de nós nos lembramos bem das cenas de pânico e incerteza familiar. Mas passou até ao dia que nos disseram que este covid-19 será ainda mais letal que aquelas gripes e, num ápice, as memórias vieram ao de cima.

Deixemo-nos de cantigas. Não há sistema de saúde que esteja dimensionado para surtos de epidemia quanto mais pandémicos, seja ele público ou privado. A hora não é de carpir mágoas nem de cavalgar em politiquices de quem não vê para além da sua quinta. Esteve bem Rio a desejar toda a sorte do mundo a Costa. Estiveram menos bem os outros, presos nos seus fantasmas ideológicos. Bem ou mal, Costa é neste momento o nosso primeiro-ministro.
Poderia ser diferente? Claro que sim. Neste momento de união, na minha opinião, deveria haver um Governo alargado em que os melhores se juntam para dar o melhor a Portugal. Os melhores estão por toda a parte – da direita à esquerda ou da esquerda à direita, como preferirem. Júdice sugeriu um Governo alargado entre Costa e Rio? Pelo menos, acrescento eu. 

Defendo que, nestes momentos em que a confiança é essencial e o interesse nacional é prevalecente, deveria haver um Governo apartidário, eminentemente técnico nos seus setores chave e que integrasse os considerados como melhores em cada setor, porque é destes que precisamos. Nomeado por Marcelo, liderado por Costa, pois claro, com Rio como Vice, mas integrando os que possuem maior experiência real de vida e mais capazes porque habituados a tomar decisões, qualquer que fosse a sua cor política – porque de políticos hoje não precisamos. Poderia dar diversos exemplos, mas não quero ferir suscetibilidades e deixo a ideia ao arbítrio de quem está eleito para decidir.

O Day After será um dia que virá, tão certo como a noite suceder ao dia. Com a maioria dos mais novos e os sobreviventes dos mais velhos. Nesse dia em que se estabilizará a pandemia voltando a ser doença controlável com imunidades e vacinas (talvez 1,5-2 anos), este Governo atual ou renovado regressaria. Se calhar, alguns poderiam dizer que a democracia ficaria suspensa – na minha opinião apenas se teria reinventado.

Uma palavra final para a Europa: os economistas sabem que a economia está à beira de uma hecatombe, todos se recordam do Plano Marshall que em 1948/50 injetou 14 mil milhões de dólares na Europa e obviamente se torna necessário fazer algo em comum, porque as economias individualmente demorarão muito mais tempo a salvar-se. Sobretudo os países com uma dívida pública de cerca de 118% do PIB como Portugal (a terceira maior da Europa comunitária). 

Regressemos então ao espírito solidário do pós-guerra porque é a realidade dramática que enfrentaremos, acreditando na união tão proclamada pela União Europeia de hoje, sob o risco de implodir, tamanha a devastação da economia real – ou seja, pensemos numa emissão urgente de eurobonds ou melhor de ‘coronabonds’. Quando uma ideia como esta nasce, temos lido que muitos apenas vêm dificuldades e colocam obstáculos sem colocar alternativas. A diferença entre quem critica e quem constrói. Uns contam estórias, outros ficam na História. 

PS – o Benfica retirou a OPA, titulam uns quantos jornais! Como? Podem repetir? Depois de uma humilhação que nunca se apagará em que a CMVM reprovou (e com toda a razão) a OPA, querem agora ‘inverter o bico ao prego’ quando nunca sequer deveriam ter ousado em a lançar nestes moldes e com estes beneficiários?