Covid-19. Pandemia pode custar 700 mil milhões ao comércio mundial

Relatório da Euler Hermes aponta para um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo durante 2020 (16% na Europa ocidental). Segundo economistas, desemprego na Europa vai atingir 1,5 milhões de pessoas.

“As medidas de contenção do novo coronavírus, como a obrigação de isolamento social e as restrições fronteiriças, implementadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América, podem custar cerca de 700 mil milhões ao comércio mundial durante o primeiro trimestre de 2020”, estima a Euler Hermes, acionista da COSEC, especialista em seguro de créditos.

No relatório, é destacado que o combate à pandemia de covid-19 “colocou a economia internacional em turbulência”. A Euler Hermes estima que o crescimento da economia mundial desacelere de forma acentuada para 0,8% (uma queda a pique em relação aos 2,5% registados em 2019).

Na Europa, o cenário é de forte recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro, tal como o da Alemanha, a maior economia europeia, deverá registar uma contração de -1,8%. Em Itália, o país até agora mais afetado pela pandemia, a contração será de -3,5%. Segundo as contas da Euler Hermes, a economia dos Estados Unidos deverá contrair 0,5%.

No entanto, o relatório deixa em aberto um agravamento do cenário, caso as medidas se prolongarem por mais um mês: na Europa, por exemplo, o impacto no PIB será de -4,4%. A Euler Hermes estima que cada mês de medidas de contenção tenha um impacto entre 20% e 30% para o crescimento das economias.

Aumento das insolvências e do desemprego. Antes da pandemia de covid-19, já se antecipava uma desaceleração económica internacional, mas em muito menor escala. “O atual surto reforçou largamente esta tendência, uma vez que está a colocar as economias e as empresas sob uma pressão intensa”, refere a Euler Hermes. A análise aponta para um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo durante 2020 (16% na Europa ocidental).

A seguradora de créditos estima que o volume de negócios das empresas da zona do euro tenha uma quebra de entre -15% e -25% até final de março. As margens operacionais podem decrescer entre 1% e 1,5%. Apesar das intervenções dos governos para apoiar – que deverão ajudar a mitigar os danos –, o atual contexto de bloqueio da economia poderá levar à falência cerca de 7% das pequenas e meídas empresas da zona euro, o que se traduz em cerca de 13 mil negócios. Os setores que correm maior risco são a construção, o setor agroalimentar e o dos serviços.

Esta pausa na atividade económica coloca 65 milhões de empregos em risco ou a precisarem de apoio dos Governos. Contudo, a Euler Hermes indica que, embora acentuada, “esta crise económica é de natureza temporária”. “Os economistas apontam para que a taxa de desemprego na zona euro aumente apenas 1%, para pouco mais de 8%. Isto significa que poderá haver uma perda de até 1,5 milhões de postos de trabalho nos próximos 12 meses, particularmente os trabalhadores independentes ou com contratos temporários”, indica o relatório.