Há mais de mil profissionais de saúde infetados. Portugal recebe 200 mil testes na próxima semana

Dos profissionais de saúde infetados, há oito internados em unidades de cuidados intensivos. Governo pretende duplicar a capacidade de ventilação no país.

No dia em que foi anunciada a renovação do estado de emergência e antes de comunicar um reforço de material médico, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelou na conferência de imprensa desta quinta-feira que a letalidade da covid-19 nas pessoas acima dos 70 anos é de 9,2%.

“A taxa de letalidade global é de 2,3% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 9,2%. Dizer ainda que, em domicílio, estão 85,4% dos doentes, 7.715 pessoas. Numa altura em que se renova o estado de emergência no país, importa manter a malha apertada ao novo coronavírus, quer através da contenção social, crucial nos próximos dias, quer robustecendo os mecanismos de resposta do sistema de saúde, capacitando-o para as novas fases da epidemia”, começou por dizer Sales, anunciando depois um reforço de material médico.

Segundo o secretário de Estado, esta quinta-feira serão distribuídas seis mil zaragatoas e estão ainda encomendadas 400 mil, das quais 80 mil chegam amanhã, sexta-feira. Sales revelou ainda que na próxima semana chegam mais 200 mil testes a Portugal e estão também a caminho do país 400 mil máscaras FFP2 e três milhões de máscaras cirúrgicas.

Como já tinha referido na conferência de ontem, Sales reiterou que o Governo pretende duplicar a capacidade de ventilação no país. Segundo o secretário de Estado há 400 ventiladores invasivos doados, "muitos dos quais já chegaram aos hospitais", e 140 ventiladores não invasivos cedidos a título de empréstimo. Foram ainda adquiridos outros 900, sendo que 144 chegam ao país ainda este fim de semana.

Face ao reforço de material, acabaram por ser levantadas questões sobre a falta de qualidade do material adquirido. O presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, João Gouveia, que também esteve presente na conferência desta quinta-feira, reconhece que há relatos de máscaras "que não cumprem" os requisitos em termos de qualidade, mas garante que na generalidade "não há queixas".

“Portugal está a tentar ir ao mercado com o melhor preço e qualidade possível", disse.

Mas também os profissionais de saúde infetados são uma realidade. O secretário de Estado da Saúde informou que 1.124 estão infetados – 206 são médicos, 582 enfermeiros e os outros 636 são técnicos operacionais e de diagnóstico. Sales revelou ainda que segundo os números de ontem, 7 médicos e 1 enfermeiro estavam internados em unidades de cuidados intensivos.

Questionada sobre o pico da pandemia, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, diz que não é possível precisar o momento em que irá ocorrer e admite que o pico pode na verdade vir a ser “um planalto”. "Estamos a subir. Temos tido uma subida relativamente aplanada. As pessoas que fazem projeções matemáticas dizem que quanto mais lenta for a progressão, mais para a frente irá o pico”, começou por explicar.

“Neste momento estamos de facto a subir, a fazer tudo para subirmos mais lentamente. Como dizemos sempre para a gripe e outras epidemias, só saberemos que estivemos no pico quando começarmos a descer. E não é nos primeiros dias de descida, porque, às vezes, uma aparente descida é seguida de uma subida. O que nos interessa neste momento é saber o número de doentes que temos por semana para termos capacidade de os tratar", disse.

Confrontada com alegadas altas de pacientes na região norte sem dois testes negativos, a diretora-geral da Saúde diz acreditar que os colegas o fizeram com base em critérios clínicos”.

“Continuamos a considerar que o padrão de boas práticas é ter dois testes negativos. Isso será a certeza que, de facto, a pessoa não estará a infetar outras. Estou certa que os colegas da região norte o fizeram com base em critérios clínicos e recomendando, por precaução, que as pessoas se mantenham em isolamento. O ideal é fazer os dois testes, na ausência dos testes é avaliar a condição clínica”, frisou.

A conferência terminou com António Sales a admitir que o reforço de capacidade do SNS com os privados "vai continuar a ser aproveitado" e com a DGS a garantir que "quem não tem médico de família, ficará com um médico de família atribuído nestas condições".