Bruxelas quer criar fundo de 100 mil milhões para salvaguardar empregos

Anúncio surge no mesmo dia em que Espanha anunciou níveis recorde de desemprego. Só em março, mais de 302 mil perderam o trabalho.

A Comissão Europeia sugeriu a criação de um fundo de 100 mil milhões de euros para empréstimos aos Estados-membros visando suportar esquemas de apoios temporários ao emprego e preservar postos de trabalho durante a crise criada pela covid-19. Em cima da mesa está a hipótese de avançar com um “novo instrumento de apoio temporário para mitigar os riscos de desemprego em caso de emergência”.

 Já esta quarta-feira, Ursula von der Leyen tinha admitido que era necessário avançar com esquema de apoios temporários ao emprego para garantir a preservação dos postos de trabalho nos países europeus afetados pela covid-19, como Itália e Espanha, que funcionariam como alternativa ao layoff. Este fundo tem como objetivo “prestar assistência financeira, sob a forma de empréstimos concedidos em condições favoráveis pela UE aos Estados-membros, até um total de 100 mil milhões de euros”, a Comissão Europeia nota que estas verbas visam ajudar os países a “lidar com aumentos repentinos da despesa pública para preservar o emprego”.

Para isso, Bruxelas conta com um total de 25 mil milhões de euros em garantias voluntárias dos Estados-membros através do orçamento comunitário como forma de alavancar este fundo (o correspondente a 25% do teto máximo para empréstimos). “Especificamente, estes empréstimos ajudarão os Estados-membros a cobrir os custos diretamente relacionados com a criação ou extensão de instrumentos nacionais de trabalho de curta duração e outras medidas semelhantes adotadas para os trabalhadores por conta própria como resposta à atual pandemia de coronavírus”, precisa a Comissão Europeia.

Para poderem aceder a tais empréstimos, os Estados-membros têm de fazer um pedido de assistência financeira à Comissão, cabendo depois a Bruxelas consultar o país em causa para verificar a dimensão do aumento da despesa pública diretamente relacionado com estes instrumentos nacionais para o emprego. Nessa altura, o executivo comunitário avaliará os termos do empréstimo (incluindo o valor, a maturidade e as modalidades técnicas relacionadas com a implementação) para, seguidamente, apresentar uma proposta ao Conselho, num processo que o executivo comunitário espera ser célere. 

Desempregos em recorde

O anúncio deste instrumento financeiro surgiu no mesmo dia em que Espanha anunciou que os pedidos de subsídio de desemprego dispararam quase 10% em março. Ao todo foram entregues mais de 302 mil pedidos, elevando a taxa de desemprego para 13,8%. Trata-se do maior aumento desde abril de 2017.

O setor dos serviços foi aquele que viu o maior aumento entre os desempregados, informou ainda o ministério. Estes números não incluem os milhares de trabalhadores que foram dispensados em regime de layoff.  Também o número de empresas portuguesas a anunciarem que iria avançar para suspensão temporária de trabalho não para de crescer. Segundo as últimas contas do Governo já chegaram mais de 3600 pedidos.