Covid-19. 10 milhões pedem subsídio de desemprego nos EUA

Muitos economistas fazem questão de sublinhar que o número real de pessoas que perderam o trabalho é provavelmente maior do que as estatísticas oficiais indicam.

Covid-19. 10 milhões pedem subsídio de desemprego nos EUA

Os contornos da crise económica criada pela covid-19 estão alcançar números nunca antes vistos nos Estados Unidos. Na semana passada, 6,6 milhões trabalhadores candidataram-se aos apoios de desemprego, anunciou o departamento do Trabalho esta quinta-feira. 

A esta figura somam-se os 3,3 milhões que candidataram-se ao subsídio há duas semanas, anunciado na quinta-feira passada. O que quer dizer que mais de 10 milhões trabalhadores perderam o seu ganha pão – ou parte dele – no mês de março. O recorde anterior, de pedidos de subsídio de desemprego no espaço de uma semana, foi registado em 1982, nomeadamente em outubro: 675 mil. 

Ainda assim, muitos economistas fazem questão de sublinhar que o número real de pessoas que perderam o trabalho é provavelmente maior do que as estatísticas oficiais indicam, pois muitos novos desempregados não devem ter tido tempo para se candidatarem aos apoios.

Outro fator que pode desvirtuar os números reside no facto de muitos novos desempregados terem alegado não ter conseguido candidatar-se ao subsídio porque as linhas telefónicas encontravam-se sobrecarregadas.

Acresce ainda que os trabalhadores temporários e autónomos – como barbeiros e cabeleireiros – não estavam elegíveis a receber o apoio até ao final de março, após o Congresso ter aprovado um pacote de resgate da economia no valor de 2,2 triliões de dólares, o maior da história dos EUA. Neste pacote alargou-se o número de pessoas que se qualificam para receber o subsídio de desemprego, portanto essa parte da população desempregada encontra-se de momento a preencher as candidaturas.

A perda de empregos disparou em restaurantes, hóteis, ginásios, etc. Os layoffs estão a aumentar na produção fabril, armanezamento e transporte, sublinhando a abrangência da "recessão coronavírus". Isto enquanto Wall Street continua a registar sucessivas quedas. 

O Governo norte-americano não divulgou os números oficiais da taxa de desemprego oficial, mas segundo analistas esta provavelmente terá provavelmente voado para os 10% – uma subida abrupta, quando em fevereiro essa taxa cifrava-se nos 3,5%. 

Após a Grande Recessão de 2008, o registo dos 10% da taxa de desemprego foi apenas registado uma vez: em outubro de 2010. 

"Nunca vimos algo assim", disse Aaron Sojourner, o economista especializado no trabalho da Universidade de Minnesota. "A escala de perda de empregos nas passadas duas semanas está a par do que aconteceu em dois anos durante a Grande Recessão".  

Em declarações ao Washington Post, Heidi Shierholz, economista que passou a vida toda a estudar o mercado de trabalho norte-americano, disse ter tremido quando soube desta "terrível" figura. E prevê que 20 milhões norte-americanos não tenham emprego até julho.