Ventura escreve a dirigentes e estruturas locais a convocar “clarificação”

Numa carta a que o SOL e o i tiveram acesso, Ventura diz mesmo que “os ratos têm de abandonar o Chega e vão fazê-lo”.

André Ventura dirigiu uma carta a dirigentes e estruturas locais do Chega a convocar “clarificação”. O Sol e o i sabem que o deputado único do Chega não apresentou a demissão da liderança do partido, mas quer “clarificação”. Na referida carta, Ventura diz mesmo que “os ratos têm de abandonar o Chega e vão fazê-lo”.

André Ventura revela que vai convocar eleições para a liderança em setembro, onde irá concorrer de novo. Em causa estarão críticas ao deputado quando este se absteve na votação do decreto presidencial para a renovação do estado de emergência, cujo prolongamento foi aprovado no Parlamento esta quinta-feira.

Leia aqui a carta na íntegra:

“Escrevo-vos hoje, no seguimento do envio da newsletter do partido, porque não tinha tido ainda oportunidade de o fazer. Foi uma semana alucinante de trabalho político e parlamentar.

Sei que muitos ficaram apreensivos e estupefactos com o sentido de voto do CHEGA face à declaração de Estado de Emergência. Recebi as vossas mensagens e as vossas preocupações.

Quero deixar claro que foram dois motivos essenciais, mas muito fortes, para a nossa abstenção. A possibilidade expressamente prevista de libertação de presos e a política de estrangulamento /endividamento das empresas e das famílias que está a ser levada a cabo sob pretexto da crise e como forma de estrangular e dominar a sociedade. Esse é o objetivo último dos socialistas e da extrema esquerda.

Não ficaria de bem com a minha consciência se desse luz verde a essas aberrações, mas também não o ficaria se obstaculizasse o estado de emergência que desde o inicio pedimos. Por isso mesmo votei abstenção. Era a única alternativa viável.

Crítica leal e aberta é uma coisa, outra são grupos e grupinhos que se continuam a agrupar à margem do partido para condicionar a liderança nacional. Continuam a sair notícias que deviam ser exclusivamente internas sem que ninguém se responsabillize.

Não o permitirei. Nunca. Não sou permissivo a chantagens nem manipulações. Também não permitirei que o trabalho de tantos seja colocado em causa por egos ou ambições desmedidas. Ou simples mesquinhez.

Temos de estar unidos e penso que uma clarificação interna faz mais falta do que nunca, a nível nacional e – nalguns casos, a nível distrital – pois há conflitos que parecem não ter solução sem uma ida às urnas.

Não devia ser esta a nossa preocupação neste momento, mas o partido e a vida política são o que são.

Talvez até uma clarificação politica interna e uma Convenção nacional acabem por ser o motor de unidade que o partido precisa para os dois desafios eleitorais que se aproximam.

Proporei duas reuniões esta semana para definirmos os próximos passos a dar : uma reunião com a direção nacional e os representantes de cada um dos órgãos nacionais e uma outra com os presidentes das estruturas distritais. Realizaremos ambas as reuniões através do zoom ou skype, dada a situação de  confinamento em que atualmente nos encontramos. Domingo será enviada convocatória formal.

Lembrem-se: não há vitória sem unidade. Cada tiro que damos na unidade do partido é um tiro que damos no nosso caminho.

Os ratos têm de abandonar o CHEGA e vão fazê – lo nem que seja a Última coisa que eu faça.

Aqui continuarei, sempre ao vosso lado. Até à vitória. Por Portugal!

André Ventura”