10 milhões perderam o emprego em 15 dias nos Estados Unidos

Na quinta-feira, foi anunciado que 6,6 milhões de norte-americanos candidataram-se ao subsídio de desemprego na semana passada, batendo o recorde da semana anterior. 

A pandemia do coronavírus trouxe uma certeza, a certeza da recessão e do desemprego. Em duas semanas, 10 milhões de norte-americanos candidataram-se ao subsídio de desemprego.

 Na quinta-feira, o Departamento do Trabalho norte-americano anunciou que 6,6 milhões trabalhadores tinham pedido o auxílio, batendo o registo máximo da semana anterior, de 3,3 milhões. Antes destes registos, o maior número de trabalhadores a pedirem o subsídio durante o período de uma semana tinha ocorrido em 1982 e tinha sido muito menor do que estes valores: 675 mil. Mas podem ser mais aqueles que foram atirados para a incerteza.

Muitos economistas fazem questão de sublinhar que o número real de pessoas que perderam o trabalho é provavelmente maior do que as estatísticas oficiais indicam, pois muitos novos desempregados não devem ter tido tempo para se candidatarem aos apoios.

Acresce ainda que os trabalhadores temporários e autónomo – como barbeiros e cabeleireiros – não estavam elegíveis a receber o apoio até ao final de março. Mas após o Congresso ter aprovado um pacote de resgate da economia no valor de 2,2 triliões de dólares, o maior da história dos EUA, já o podem fazer. Neste pacote alargou-se o número de pessoas que se qualificam para receber o subsídio de desemprego, portanto essa parte da população desempregada encontra-se de momento a preencher as candidaturas.

Outro fator que pode desvirtuar os números reside no facto de muitos novos desempregados terem alegado não terem conseguido candidatar-se ao subsídio porque as linhas telefónicas encontravam-se sobrecarregadas.

Ainda não foram publicadas as estatísticas de desemprego desde o início da crise da pandemia, mas muitos analistas indicam que a taxa pode voar para os 10 – uma subida abrupta, pois em fevereiro a taxa oficial cifrava-se nos 3,5%.

Na grande crise de 2008, a maior taxa de desemprego surgiu dois anos depois, atingindo os 10%. «Nunca vimos algo assim», disse ao Washington Post Aaron Sojourner,  economista especializado no mercado laboral da Universidade de Minnesota. «A escala de perda de empregos nas passadas duas semanas está a par do que aconteceu em dois anos durante a Grande Recessão».  

A crise também pôs um travão no maior período de criação de emprego da história norte-americana, disse o Departamento do Trabalho esta sexta-feira. Comparando com as figuras tenebrosas das candidaturas ao auxílio de desemprego, não parecem tão assustadoras: registou-se uma perda de 701 mil empregos. Mas os dados foram recolhidos na primeira metade de março, antes de terem sido dadas instruções de confinamento, sendo provável que o saldo de criação de emprego desça ainda mais.