Bloco Central para quê?

A discussão sobre as soluções para enfrentar a crise está lançada. Marcelo prefere não ‘congeminar sobre um futuro longínquo’. Alegre diz que ‘não faz sentido’ um Governo de salvação nacional. Leia as opiniões de João Soares, Edite Estrela e Nuno Melo.

Não há crise em que não surja a hipótese de um Governo de salvação nacional – que é como quem diz, de bloco central. A discussão está lançada, mas, para já, o Presidente da República e o primeiro-ministro descartam essa solução. Rui Rio é mais cauteloso e admite que mais à frente o país terá de debater a «composição» do Governo, mas, neste momento, essa não é a prioridade. 

Ninguém ignora que o país será confrontado com uma crise económica gravíssima devido às medidas restritivas para prevenir a pandemia. Os principais protagonistas políticos comentaram a hipótese de um Governo de salvação nacional. 

Ao SOL, Manuel Alegre desvaloriza essa solução: «Foi uma frase que lançaram para o ar para distrair as pessoas na quarentena. Não faz sentido, neste momento». Alegre descarta a hipótese e realça que «as coisas estão a correr bem». Para o histórico do PS, António Costa «tem agido bem» no combate à pandemia. «Em conjugação com o Presidente da República, tem agido muito bem neste momento de crise», afirma.

Rui Rio, em entrevista à RTP, foi o primeiro líder político a falar sobre o assunto. O presidente do PSD começou por dizer que «neste momento não é a prioridade», mas admitiu que «a sociedade portuguesa vai ter efetivamente de debater a composição de um Governo de salvação nacional» quando for confrontada com a crise económica. «O Governo que vier, pode ser o mesmo, vai ser sempre de salvação nacional. Vamos ter tempos muito pesados», esclareceu. E o PSD poderá alinhar nessa solução? «Não vou responder sim, nem vou responder não, nem vou responder talvez», disse Rui Rio. 
Não é a primeira vez que o presidente do PSD aborda esse cenário. Há quase um ano, Rio definiu as situações em que um Governo do bloco central seria aceitável: «Um Governo do PS com o PSD é algo que só pode acontecer em última circunstância, quase em salvação nacional».

Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda mais claro e, para já, afasta essa possibilidade. «Isso é o mesmo que congeminar sobre um futuro longínquo ou sobre o Governo que estará em funções daqui a não sei quanto tempo», O Presidente rejeitou embarcar em «exercícios especulativos», mas admitiu que temos de estar «o mais unidos possível» quando chegar a hora de trabalhar para a reconstrução económica e social. Para já, «temos o Governo que temos» e a prioridade é combater a propagação da pandemia.  

Desafiado a comentar a entrevista de Rui Rio, o primeiro-ministro, António Costa, preferiu destacar que «as coisas têm corrido muitíssimo bem» e «nada justifica» mexidas na composição do Governo. E este não é o momento para abrir essa discussão porque todas as energias têm de ser aplicadas no combate à pandemia. «Não devemos agora consumirmo-nos em fazer discussões sobre as formas políticas».

*com Ana Teresa Banha

 

O fundamental é resistir, por João Soares

“Nós portugueses, sem nacionalismos ou muito menos chauvinismos estúpidos e presunçosos, temos estado bem . Nalguns casos mesmo muito bem. Tivemos a sorte, cá para nós uma “sorte” que como sempre deu muito trabalho, de ter no comando do aparelho de Estado gente capaz”.

 

E depois da covid-19, por Edite Estrela

“Ninguém sabe como vai ser o nosso modo de vida, mas é fácil prever que há um antes e um depois da covid-19”.

 

Crónica de uma oportunidade perdida, por Nuno Melo

“Tivemos oportunidade de clonar boas práticas e evitar a repetição de erros alheios. Infelizmente, seguimos os passos de Itália e Espanha”.