Presidente ouve líderes de principais bancos em videoconferência

Principais líderes de bancos ouvidos hoje, por videoconferência, pelo Presidente da República.

O Presidente da República reúne-se hoje com os líderes dos principais bancos – Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander, Novo Banco e  BPI – em videoconferência com um objetivo: “A banca tem de entrar na corrida contrarrelógio. A economia precisa do dinheiro mais cedo. Um dia mais tarde é pior que um dia mais cedo”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa este fim de semana, numa visita à sementeira de tomate na Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, em pleno estado de emergência por causa da pandemia da covid-19.

O Chefe de Estado quer “a agilização para que o dinheiro chegue ao terreno”, designadamente às empresas e deixou um aviso: “A banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos, de uma crise que vivemos há anos, um contributo muito importante durante anos. Cada português contribuiu para viabilizar bancos e que felizmente, mérito desses bancos, se viabilizaram, deram a volta por cima”, afiançou o Presidente.

Apesar dos avisos ao setor bancário, Marcelo não quis entrar na lógica de quem ataca aos bancos por esta altura. “É muito popular bater na banca”, afirmou Marcelo sem concretizar destinatários também neste recado. De realçar que o líder do PSD, Rui Rio, afirmou no Parlamento, na semana passada que seria uma “vergonha” e uma “ingratidão” se a  banca apresentasse lucros avultados nos próximos tempos.

Entretanto, o líder do PSD decidiu escrever no Twitter a defender a sua posição: “Resolvi dizer uma coisa óbvia: que lucros avultados na banca em 2020-21 seriam uma ingratidão para com os portugueses. Logo apareceram, os que eu já supunha, a criticar. Por dependência, por ignorância, por maldade … ou porque acham mesmo que a banca deve ter lucros avultados?”, afirmou Rui Rio sem mencionar a quem se referia.

Certo é que o Chefe de Estado  também fez um discurso virado para o papel da banca no processo de retribuição da ajuda dos portugueses. “De algum modo esta é uma ocasião de retribuir aos portugueses aquilo que nós fizemos. E é um bocadinho isso que eu vou ouvir, como é que vai fazer chegar aos portugueses aquilo que não pode demorar muito, porque isto está tudo ligado”, contextualizou Marcelo Rebelo de Sousa.

O i contactou a Associação Portuguesa de Bancos (APB) que preferiu não emitir qualquer comentário ou posição nesta fase. Porém, no Parlamento proliferam propostas para não permitir dividendos aos bancos, ou reduzir comissões, spreads, etc.

O PAN, por exemplo, desafiou o PS e o PSD a aprovar o seu pacote de propostas no próximo dia 8 de abril, impedindo “ os bancos de cobrarem juros às pessoas e empresas que peçam uma moratória dos seus empréstimos e às empresas que se financiem por via das linhas crédito garantidas pelo Estado”.

O Bloco de Esquerda quer impedir a possibilidade de distribuição de dividendos, avisando que os bancos não podem “lucrar com a crise”. E os comunistas querem um fundo público para ajudar na tesouraria das empresas em nome individual ou microempresas e créditos sem juros para as PME.

Recorde-se que a maioria dos bancos portugueses já anunciou que irá cortar os dividendos aos acionistas. Tanto o BCP, a Caixa Geral de Depósitos e o Santander anunciaram que não vão remunerar os acionistas. Apenas o BPI admitiu que iria pagar os dividendos ao acionista Caixa Bank no valor de 117 milhões de euros. O Banco de Portugal já veio deixar uma recomendação às instituições menos significativas, as que não estão diretamente sob a supervisão do Banco Central Europeu, para não pagarem dividendos pelo menos até outubro. E justificou esta medida com “a capacidade para absorverem potenciais perdas num ambiente de incerteza”.