Marcelo. “Bancos estão mobilizados para ajudar a economia portuguesa”

Depois de ouvir os banqueiros, o Presidente da República vai receber esta terça-feira Carlos Costa e Fernando Faria de Oliveira.

“Encontrei na banca mobilização para ajudar a economia portuguesa”. A garantia foi dada por Marcelo Rebelo de Sousa depois de se ter reunido com os líderes dos principais bancos que operam no mercado nacional. O Presidente da República revelou ainda que, embora demore o seu tempo, o sistema financeiro está decidido a colocar no terreno o financiamento previsto nessas medidas, garantindo que esse apoio “ou já chegou, ou está a chegar ou vai chegar nos próximos dias e semanas, progressivamente, às empresas”.

E para Marcelo Rebelo de Sousa não há margem para dúvidas: “A situação da banca pode merecer confiança dos portugueses, tanto pelas medidas que serão cumpridas pelo Governo, como as da iniciativa dos próprios bancos”, acrescentando que encontrou “um estado de espírito de grande mobilização no sentido de ajudar a economia portuguesa a enfrentar um período que sabemos que vai ser difícil”. 

Para esta terça-feira estão marcadas as audiências com o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, e com o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira.

Estas reuniões surgem depois de o Presidente da República ter revelado no fim de semana que pretendia que “o dinheiro chegasse ao terreno” e, ao mesmo tempo, lembrou que “a banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos, de uma crise que vivemos há anos, um contributo muito importante durante anos. Cada português contribuiu para viabilizar bancos e que felizmente, mérito desses bancos, se viabilizaram, deram a volta por cima”. 

Abanão

Já esta segunda-feira, o  líder do PSD afirmou que esperava que a reunião do Presidente da República com os banqueiros servisse como “um abanão” para escaparem “à tentação de lucrar” ou “esganar as empresas” nas respostas à crise provocada pela covid-19. “Acho que banca está sensível [para o problema das famílias e das empresas]. Mas uma coisa é estar sensível e, no terreno, ser coerente com isso. Esta reunião [do PR com os banqueiros] é mais um abanão, para não caírem na tentação de lucrar, mas ajudar as empresas dentro da sua sustentabilidade financeira”, disse em conferência de imprensa.

Para Rio, “o pior que podia acontecer é a banca ficar numa situação tão difícil como ficou no passado ou como estão as empresas” mas, alertou, “esganar as empresas também não”.

Também o Bloco de Esquerda já tinha defendido a não distribuição de dividendos, avisando que os bancos não podem “lucrar com a crise”, enquanto os comunistas preferem a criação de um fundo público para ajudar na tesouraria das empresas em nome individual ou microempresas e créditos sem juros para as PME.

Recorde-se que a maioria dos bancos portugueses já anunciou que irá cortar os dividendos aos acionistas. Tanto o BCP, a Caixa Geral de Depósitos e o Santander anunciaram que não vão remunerar os acionistas. Apenas o BPI admitiu que iria pagar os dividendos ao acionista Caixa Bank no valor de 117 milhões de euros. O Banco de Portugal já veio deixar uma recomendação às instituições menos significativas, as que não estão diretamente sob a supervisão do Banco Central Europeu, para não pagarem dividendos pelo menos até outubro. E justificou esta medida com “a capacidade para absorverem potenciais perdas num ambiente de incerteza”.