Máscaras para todos? OMS diz nim mas encoraja estudos

Portugal estava à espera de posição da OMS. Organização dá novas orientações, mas diz que máscaras não são “bala de prata”.

O uso generalizado de máscaras pode ajudar a travar a epidemia? O debate tem vindo a aumentar e, em Portugal, a Ordem dos Médicos juntou-se ontem ao apelo do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas para que a DGS reveja as orientações e alargue a recomendação de uso de máscaras não só a todos os profissionais e doentes, mas ao resto da população quando frequenta locais públicos com maior concentração de pessoas. Nos EUA, o Centro de Controlo de Doenças recomendou já o uso de máscaras em idas a farmácias e supermercados. Na Europa, apenas Eslováquia e República Checa avançaram para o uso obrigatório de máscaras e ambos os países acreditam que isso contribuiu para maior controlo da epidemia. À imagem do que aconteceu na China ou na Coreia do Sul e, nos últimos dias, em Singapura, com o Governo a anunciar a distribuição de máscaras reutilizáveis à população para prevenir a transmissão entre pessoas assintomáticas, da qual existe alguma evidência.

Questionada sobre se serão revistas as recomendações em Portugal, a diretora-geral da Saúde disse ontem estar à espera de orientações da Organização Mundial da Saúde e do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, que até aqui não têm recomendado o uso generalizado de máscaras. A resposta da OMS chegaria horas mais tarde,, mas não traça um caminho definitivo, deixando a decisão na mão dos países. Na conferência de imprensa diária, o diretor-geral da OMS anunciou que seria publicada uma orientação para auxiliar os países nessa decisão, considerando, no entanto, que os profissionais de saúde e doentes devem ter prioridade e que o maior receio é a escassez de equipamentos.

À hora de fecho desta edição, o documento ainda não era público, mas Tedros Adhenon deu a entender que o uso generalizado de máscaras poderia ser considerado em países onde medidas como a lavagem de mãos ou o distanciamento social sejam mais difíceis de implementar, por exemplo, por falta de acesso a água. Mas a OMS deixa agora um apelo: “Encorajamos os países que estão a considerar o uso de máscaras pela população em geral a estudar a sua eficácia, para que todos possamos aprender.”

Considerando que as evidências sobre a eficácia do uso de máscaras na atual pandemia são ainda limitadas, Tedros Adhenon salientou que as máscaras só deverão ser usadas no contexto de uma estratégia mais alargada e informando a população sobre como usá-las. “Não há preto ou branco, não há uma bala mágica. As máscaras, sozinhas, não conseguem travar a pandemia. Os países devem continuar a procurar, testar, isolar e tratar todos os casos e rastrear todos os contactos. Com ou sem máscaras, há coisas que comprovadamente podemos fazer para nos protegermos a nós e aos outros: manter a distância, lavar as mãos, espirrar ou tossir para o cotovelo e evitar tocar na cara”, disse.