Portugal. Uma saúde que não é de ferro, mas que tem ficado mais forte

No dia Mundial da Saúde, dados da Pordata mostram o estado do setor no país. Portugueses continuam a ser dos mais insatisfeitos.

Em média, quem nasce hoje em Portugal tem pela frente mais 14 anos do que quem nasceu em 1974. E o país, sendo o 8.º da União Europeia com menos camas por mil habitantes, está ainda assim à frente de outros estados do sul como Espanha e Itália. Temos mais hospitais e no que toca a despesas com Saúde ocupamos a 10.ª posição, entre os 26: 8,9% do Produto Interno Bruto. Para este Dia Mundial da Saúde, a Pordata compilou alguns dados estatísticos que permitem fazer um pequeno raio-X ao setor que mais tem sido posto à prova neste período de crise, provocada pela pandemia da covid-19.

Segundo este trabalho da Pordata, em 2018 existiam no país “230 hospitais com uma capacidade de mais de 35 mil camas”, o que correspondia a mais cinco hospitais e 476 camas do que no ano anterior.

Três camas por cada mil habitantes Números que mostram ainda que tanto o número de hospitais como o de camas se têm mantido “relativamente estáveis desde 2010 (ano cujos dados são comparáveis aos dados atuais dada uma alteração de metodologia), correspondendo a pouco mais de 3 camas por 1.000 habitantes”.

No contexto da União Europeia a 27, “alguns países têm perto de 8 camas por mil habitantes nos hospitais (ex: Alemanha e Bulgária) e noutros países esse rácio é menor que três (ex: Suécia, Dinamarca e Irlanda)”. Portugal aparece, assim, como o 8º país com menos camas por habitante, com “um rácio superior a Itália e Espanha”.

Duplicou o número de pessoas com 80 ou mais anos Mas vamos à evolução da esperança média de vida. Os dados de 2018 revelam que 654 mil pessoas tinham 80 ou mais anos (6% da população total): “São, assim, quase o dobro das que existiam em 2001 e 64% são mulheres. Quanto à população residente com mais de 90 anos, entre 2012 e 2018, a maior diferença nota-se a partir dos 100 anos, grupo em que o número quase duplicou”.

Também entre os mais novos, Portugal apresenta nos últimos anos “uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil (7.ª mais baixa e inferior à média da UE27, tal como Espanha, Itália e República Checa), com cerca de 3 óbitos de crianças com menos de 1 ano por cada 1.000 nascimentos”.

Nas últimas décadas o país também evoluiu muito no que se refere ao número de profissionais de saúde: “O número de médicos aumentou 4,8 vezes entre 1975 e 2018. Se em 1975 havia, para cada médico, 819 residentes, em média, hoje há um médico para cada 192”.

Uma realidade que se reflete também no número de enfermeiros: “Aumentou quase 4 vezes passando de cerca de 19 mil em 1975 para 74 mil em 2018”.

Dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística mostram porém que, “apesar da melhoria recente na apreciação que a população residente faz do seu estado de saúde (mais 4,1 pontos percentuais de 2014 para 2019), Portugal continua a ser um dos países da UE-28 em que esta avaliação é mais baixa: 49,3% em 2018, quase 20 pontos percentuais menos do que a média obtida para a UE-28 (69,2%)”. A informação disponibilizada pelo INE ontem dá conta ainda de que 50,1% das pessoas com mais de 16 anos avaliaram com bom ou muito bom o seu estado de saúde em 2019 – um aumento face ao ano de 2018. C.D.S.