“Os cidadãos europeus esperavam uma resposta, e nós soubemos dar essa resposta”

Os 27 Estados-membros chegaram a acordo para a criação de um fundo de apoio capaz de fazer face à crise na sequência da pandemia de covid-19. Emprego, empresas e países ficam protegidos, em condições mais favoráveis em comparação com programas de resgaste da crise de 2008.

O Eurogrupo chegou a acordo para aprovar um pacote de apoios aos Estados-membros que pode ultrapassar os 500 mil milhões de euros, para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19. O anúncio do acordo entre os 27 ministros das Finanças da União Europeia foi feito por Mário Centeno que o descreveu como “sem precedentes”.

Após várias semanas de reuniões, a Holanda, um dos países que mais se havia oposto a um plano conjunto de recuperação pós-pandemia, concordou agora em apoiar os parceiros europeus através de um fundo de resgate, sem a obrigatoriedade de serem adotadas políticas de austeridade no futuro – a exemplo do que sucedeu na crise económica de 2008.

 “Nesta reunião foram aceites algumas propostas ambiciosas e audazes que teriam sido impensáveis há algumas semanas”, disse Mário Centeno no final do encontro, acrescentando que “na crise da última década a Europa fez muito pouco e reagiu muito tarde, mas desta vez é tudo diferente”. O ministro das Finanças português destacou o esforço conjunto “das autoridades financeiras e monetárias e dos reguladores” para que seja possível ultrapassar a crise que se prevê. “A solidariedade é fundamental para impedir a fragmentação da zona euro”, disse.

O pacote de 500 mil milhões divide-se em três pilares, através de um rede de defesa e segurança para os trabalhadores, as empresas e os países. Centeno recordou os empregos perdidos nas últimas semanas e reforçou a aposta de 100 mil milhões de euros para combater o desemprego; para as empresas, em particular para as pequenas e médias empresas, vão ser direcionados 200 mil milhões; para os países, o apoio é no valor de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada Estado-membro, que chega, em média, aos 240 mil milhões de euros, verba que só pode ser utilizada no setor da saúde e, em principalmente, para investimentos na luta contra a pandemia – os países que aderirem a este mecanismo ficam sob vigilância da União Europeia.

Centeno recordou, porém, que nem todos os países estão em condições iguais para sair do atual contexto de crise. O presidente do Eurogrupo reforçou, todavia, a importância de, após ultrapassada a questão da saúde, ser feita uma “recuperação económica em conjunto, e não separada”, o que será fundamental para defender o mercado interno. “Os grandes líderes planeiam a paz antes de terminar a guerra e o próximo Orçamento da União Europeia vai ser fundamental” para que cumpram os objetivos que se avizinham. Centeno afirma que esta é a oportunidade para se construir uma nova Europa, “mais digital e mais verde, com redes de segurança” para toda a atividade económica. “Os cidadãos europeus esperavam uma resposta, e nós soubemos dar essa resposta”, concluiu.