Acordo do Eurogrupo? CIP diz que UE não foi capaz de assumir a sua responsabilidade política e histórica

“A União Europeia tem de estar à altura das circunstâncias. Até agora, uma vez mais, não foi capaz de assumir essa responsabilidade política e histórica”, afirma António Saraiva, presidente da CIP.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) considerou, esta  sexta-feira, que as conclusões do Eurogrupo, conhecidas esta quinta-feira, ficam “aquém da dimensão do problema que afeta as pessoas e as empresas como consequência direta da pandemia de covid-19”.

Em comunicado, a entidade liderada por António Saraiva apela ao Governo para tomar medidas concretas e para continuar a exigir um maior envolvimento da União Europeia (UE).

“A União Europeia tem de estar à altura das circunstâncias. Até agora, uma vez mais, não foi capaz de assumir essa responsabilidade política e histórica”, afirma António Saraiva, presidente da CIP.

Contudo, a CIP realça “os avanços positivos que foram alcançados” e assinala que “a própria existência de um acordo, mesmo que ainda fraco, é um facto que deve ser assinalado”.

“Apesar disso, o Eurogrupo voltou a falhar na aprovação de instrumentos que contribuam decisivamente para ultrapassar os impactos económicos da pandemia de covid-19. Além do envolvimento já previsto do Banco Europeu de Investimento e da aprovação de uma medida sobre o custo do desemprego, a decisão mais relevante foi a possibilidade de os países poderem acionar o Mecanismo Europeu de Estabilidade num montante de até 2% do PIB de cada Estado Membro”, acrescenta a mesma nota.

A entidade salienta que “perante todas as análises económicas, que consideram esta como sendo a mais grave crise económica dos últimos 100 anos, e quando estão à vista de todos os brutais efeitos do lockdown, não é com um apoio de 2% do PIB que será possível segurar a economia, salvar empregos e preparar o terreno para uma recuperação rápida”.

Para a CIP o acordo do Eurogrupo “vem, uma vez mais, chamar a atenção para a dramática falta de solidariedade entre os Estados Membros da EU”, um acordo em que “a imposição de poucos ameaça a vontade da maioria”.

“Enquanto não existirem instrumentos verdadeiramente europeus, designadamente a mutualização da dívida decorrente das políticas económicas de combate aos efeitos da pandemia, estaremos sempre na eminência de um choque simétrico produzir efeitos assimétricos e, por isso mesmo, desproporcionados”, lê-se.

A CIP defende que “são necessárias medidas a nível europeu” e destaca que é “da máxima importância que Portugal se mobilize para colocar no terreno medidas simples, céleres e suficientemente poderosas que impeçam a destruição de dezenas de milhares de empresas e de centenas de milhares de empregos”.

“É certamente preferível apoiar o emprego agora do que pagar depois os subsídios de desemprego de milhares de pessoas. As medidas que a CIP apresentou em boa hora devem, por isso, ser aprovadas e concretizadas com caráter de urgência”, conclui a nota.