Aulas à distância arrancam esta terça-feira

Os pais dos alunos mais novos, que ainda não têm tanta autonomia, temem que o teletrabalho seja uma barreira no acompanhamento, mas professores estão confiantes de que o 3º período vai correr muito melhor do que as duas últimas semanas de março.

As aulas arrancam hoje – à distância e ainda sem data definida para que alunos e professores regressem às escolas. Só os alunos do 11.o e 12.o vão fazer exames – uma vez que são necessários para o acesso ao ensino superior – e também só estes alunos terão aulas presenciais. No entanto, o Governo não fixa uma data e apenas diz que “as escolas vão estar preparadas para, se a evolução da situação epidemiológica o permitir, recomeçar as aulas presenciais”.

Por agora, todas as aulas vão continuar a ser dadas através das plataformas disponíveis, como as aulas através de vídeo e, na próxima semana, chega a telescola. E chegam também as dúvidas dos pais que estão em regime de teletrabalho. Sobretudo os mais novos, aqueles que ainda não têm autonomia para trabalhar sozinhos, precisam que os pais estejam com eles, mesmo no momento em que assistem às aulas através da televisão. Estando em teletrabalho, é muito mais difícil para os pais garantir esse acompanhamento.

Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), explicou ao i que o ensino à distância “não é a situação ideal e cria algum constrangimento aos pais e, por isso, tem de se procurar encontrar um equilíbrio entre as entidades patronais e a escola”.

A Confap já alertou e pediu ao Ministério da Educação que os pais dos alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo – os que precisam de mais acompanhamento – que se encontrem em teletrabalho possam deixar os filhos nas escolas de acolhimento, abertas para os filhos dos profissionais que estão a trabalhar normalmente, como médicos, enfermeiros ou forças de segurança, por exemplo. A partir da próxima segunda-feira, “as empresas também têm de ter em conta que os trabalhadores que estão em casa têm de dar acompanhamento aos filhos”, disse Jorge Ascensão, acrescentando que “os pais não substituem os professores” e que “a escola tem de continuar a estabelecer o contacto”.

No entanto, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e de Escolas Públicas (ANDAEP), explicou ao i que o objetivo é que a telescola seja um complemento, e não uma obrigação. “É mais um recurso que os professores têm e esses conteúdos podem ser vistos noutra altura”, acrescentou. Não tendo um vínculo obrigatório, os professores podem optar por não indicar a visualização das emissões transmitidas pela televisão aos seus alunos.

“É evidente que os alunos do primeiro ciclo, com escola em casa, com telescola, vão precisar de mais acompanhamento, mas é também um sacrifício adicional que vamos ter de pedir aos pais”, explicou Filinto Lima, convicto de que “o terceiro período vai correr muito melhor do que as duas últimas semanas de março”. Nesta fase, garante o presidente da ANDAEP, os professores vão, “e porque isto é tudo uma aprendizagem”, fazer uma distribuição mais comedida dos trabalhos.

Professores sem informação sobre telescola A emissão de conteúdos através da televisão é, para os professores, “uma boa medida”. No entanto, é necessário que nos próximos dias seja feita uma articulação entre aquilo que vai ser transmitido e a matéria que os professores vão dar. “Nós já temos o calendário das disciplinas, mas era necessário saber em concreto quais são os conteúdos”, alertou Filinto Lima.

Este complemento dado pelo Ministério da Educação não impede, por exemplo, que os professores comecem a dar nova matéria, até porque alguns podem começar já esta semana a fazê-lo. “Poderá acontecer que comecem já a dar matéria nova, tudo depende das escolas e da sua organização”, explicou o presidente da ANDAEP.