Médica perde guarda da filha por estar na linha da frente de combate à covid-19

Theresa Greene disse que sente que está a ser discriminada por ser uma mulher divorciada.  “Se eu fosse casada, teria a oportunidade de ir para casa com a minha filha, ninguém me poderia impedir”, sublinhou.

Uma médica norte-americana perdeu a guarda da sua filha por estar na linha da frente no combate contra a covid-19. Theresa Greene disse à CNN sentir-se injustiçada por ter de escolher "entre a sua filha e o juramento que fez enquanto médica". "Não vou abandonar a minha equipa de trabalho ou os pacientes que cada vez mais precisam de mim para salvar as suas vidas nas próximas semanas, mas é uma tortura", reagiu.

Greene e seu ex-marido estão divorciados há quase dois anos e dividem o tempo com a filha igualmente. Mas o pai da menina de 4 anos decidiu pedir a guarda total durante a epidemia, visto a mãe da criança ser médica e estar em contacto com pessoas infetadas com o novo coronavírus. E o tribunal decidiu a seu favor. Na semana passada, o juiz Bernard Shapiro decidiu que a criança deveria ficar com o pai, Eric Greene, para limitar o risco de exposição ao coronavírus. 

"O Tribunal não entra nesta Ordem de ânimo leve, mas, dada a pandemia na Flórida e o recente aumento de casos confirmados de covid-19, o Tribunal considera que, a fim de isolar e proteger os melhores interesses e a saúde da criança menor, esta Ordem deve ser registrada temporariamente ", escreveu o juiz na decisão do tribunal.

Theresa Greene disse à CNN que sente que está a ser discriminada por ser uma mulher divorciada.  "Se eu fosse casada, teria a oportunidade de ir para casa com a minha filha, ninguém me poderia impedir", sublinhou. A médica afirma ainda que tem tido todo o cuidado possível durante o tratamento dos pacientes covid-19 para não contrair a doença e proteger a sua filha do vírus. 

Através de um comunicado, o advogado de Eric Greene, Paul Leinoff, disse que o ex-marido de Theresa tem o "maior respeito pelo compromisso da Dra. Greene com o seu trabalho crítico durante esta pandemia", no entanto "com base nos melhores interesses e segurança de um filho menor, limitado às circunstâncias temporárias apresentadas pela covid-19" esta foi melhor decisão. 

O Tribunal lançou também um comunicado onde afirma que este caso não vai servir "como regra geral" e que no futuro a médica vai voltar a ter a guarda conjunta da criança e irá ser recompensada pelo tempo perdido durante a pandemia. Além disso irá poder realizar videochamadas com a menina. "Continuaremos a procurar maneiras de resolver essa situação delicada e acreditamos que um resultado pode ser alcançado com segurança e justiça ", pode ler-se na nota.

"Quero que ela cresça e se orgulhe de mim, cumprindo o juramento que fiz quando entrei em medicina, mas também sei que ela precisa de mim agora", lamentou a profissional de saúde, afirmando que não sabe quando terá autorização para ver a filha outra vez.