“Vamos ver novamente o PCP e o Bloco de Esquerda na oposição”, diz Vital Moreira

Constitucionalista diz que é uma “ilusão” pensar que BE e PCP vão apoiar o Governo em tempos de crise.

Vital Moreira, ex-eurodeputado do PS, está convencido de que o Governo socialista não vai poder contar com o Bloco de Esquerda e o PCP para enfrentar a crise económica provocada pela pandemia. “Imaginar que se poderia contar com os dois partidos da ‘esquerda da esquerda’ para cooperar nessa tarefa seria uma ilusão irresponsável. Se há algum prognóstico político relativamente fácil, é o de que vamos ver novamente o PCP e o Bloco na oposição contra a ‘nova política de austeridade’”, escreve, no blogue Causa Nossa, o constitucionalista.

Vital Moreira considera que é uma ilusão pensar que os partidos à esquerda do PS podem continuar a alinhar com o Governo, porque para a extrema-esquerda “governar é aumentar a despesa, independentemente das conjunturas”. O ex-deputado socialista defende que “a geringonça só foi possível porque o crescimento económico, a redução dos encargos da dívida pública e o corte no investimento público permitiram libertar muitos milhões de euros para “satisfazer as insaciáveis reivindicações orçamentais daqueles dois partidos”, mas “infelizmente, com a pandemia, o eldorado orçamental acabou”.

A tarefa de recuperar a economia e reequilibrar as contas públicas vai ser “dura e prolongada” e “imaginar” que se poderia contar com o Bloco e o PCP para “cooperar nessa tarefa seria uma ilusão irresponsável”, escreve o ex-eurodeputado.

vacas gordas António Costa afirmou recentemente que “ficaria muito desiludido se tivéssemos de chegar à conclusão que só podemos contar com o PCP e com o Bloco de Esquerda em momentos de vacas gordas e em que a economia está a crescer”.

O Bloco de Esquerda respondeu com a garantia que está disponível para um compromisso, mas rejeitou o regresso à austeridade. “O Bloco aqui está, para construir soluções. Com uma certeza: não aceitámos a austeridade em 2011, não a aceitaremos em 2021”, afirmou a coordenadora dos bloquistas, Catarina Martins.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, também defendeu, nesta segunda-feira que o caminho a seguir só pode passar por “defender e valorizar os salários, as pensões e os direitos, para criar emprego e assegurar o desenvolvimento”.