Turismo acelera à custa do Carnaval mas antes da covid-19

Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram números positivos em fevereiro mas a realidade poderá ser bem diferente nos próximos meses devido à covid-19.

O Carnaval festejou-se em fevereiro, num mês que, por ser ano bissexto, contou com mais um dia. Tudo dados favoráveis para o crescimento do turismo. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o Carnaval trouxe aos estabelecimentos turísticos portugueses 1,6 milhões de hóspedes no mês de fevereiro. O número representa um crescimento de 15,3% face a igual mês do ano anterior. Foram ainda registadas 3,8 milhões de dormidas, que se traduzem num crescimento de 14,7%.

As dormidas na hotelaria, que representam 83,3% do total, também aumentaram 13,7% em fevereiro. O crescimento estendeu-se também às dormidas no alojamento local que representam um peso de 14,5% e registaram um crescimento de 17,5%. O maior aumento vai para o turismo rural de habitação com um crescimento de 42,1% nas dormidas.

 As dormidas em hostels cresceram 12,5% em fevereiro, representando 22,6% das dormidas em alojamento local e 3,3% do total de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico.

As dormidas de residentes, explica o gabinete de estatística, tiveram um “crescimento expressivo”: em fevereiro, o mercado interno contribuiu com 1,3 milhões de dormidas, um crescimento de 26,4%. Já as dormidas dos mercados externos cresceram 9,5% atingindo os 2,5 milhões.

No entanto, devido ao surto pandémico, o mercado chinês – que representa 1% do total – apresentou um “expressivo decréscimo” de 54,8% em fevereiro. No conjunto dos dois primeiros meses do ano, este mercado recuou 10,7%.

No total, os 16 mercados emissores representaram 85,5% das dormidas não residentes nos estabelecimentos de alojamento turístico portugueses. O maior destaque vai para o mercado espanhol que registou um “aumento expressivo” de 40,8% em fevereiro. Mas também os mercados francês, britânico e alemão registaram aumentos de 6,3%, 4% e 4,6%, respectivamente.

Ainda no mês de fevereiro, destaque para os crescimentos registados pelos mercados canadiano (+37%) e brasileiro (+29,5%). Desde o início do ano, o realce vai para os mesmos mercados (+37% e +17%, respetivamente).

Quanto às regiões portuguesas, segundo o INE, todas registaram crescimentos nas dormidas durante o mês de fevereiro. Destaque para os crescimentos registados no Alentejo (+39,8%), Centro (+28,1%), Norte (+20,9%) e Região Autónoma dos Açores (+20,1%).

A Área Metropolitana de Lisboa concentrou 29,1% das dormidas, seguindo-se o Algarve (22,3%) e o Norte (16,4%). Neste mês houve um incremento de 492,7 mil dormidas (face a igual mês do ano anterior), do qual 23,5% foi proveniente do Algarve (115,9 mil dormidas adicionais), 22,1% do Norte (acréscimo de 109,1 mil dormidas) e 18,7% do Centro (92,1 mil dormidas acrescidas).

Desde o início do ano, realçam-se os acréscimos no Alentejo (+27,4%) e Centro (+20,0%).

No que diz respeito a dormidas de não residentes, o destaque vai para o crescimento apresentado pelo Alentejo (+57,8%), RA Açores (+28,9%) e Norte (+20,4%).

Os proveitos registados nos estabelecimentos de alojamento turístico portugueses atingiram os 194,3 milhões de euros no total e 138,1 milhões de euros relativamente a aposento, o que corresponde a crescimentos de 12,8% e 15,1%, respetivamente.

No entanto, apesar dos dados animadores para o turismo em fevereiro, os mesmos não reflectem ainda a situação atual determinada pela pandemia. Por isso, sublinha o gabinete de estatística, é de esperar que as tendências se alterem nas próximas divulgações.

Recorde-se que o setor do turismo tem sido dos mais afetados pela covid-19.