Escritor Luís Sepúlveda morreu de covid-19

Autor de mais de uma vintena de livros, pelos quais foi amplamente premiado, era o autor chileno mais lido dos dias de hoje.

Depois de quase um mês a lutar contra o covid-19, Luís Sepúlveda morreu esta quinta-feira em Gijón, Espanha.  O escritor chileno tinha 70 anos e dias antes de ter sido diagnosticado com o novo coronavírus tinha participado no festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.

Luís Sepúlveda estava internado no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo, desde o final do mês de fevereiro. Na altura, estavam confirmados 86 mil casos de covid-19 em todo o mundo e 2900 óbitos. Atualmente, há mais de dois milhões de infetados e 135 mil mortes.

Após o seu internamento, o jornal El Español deu conta que o escritor estaria em coma e com respiração assistida, cenário que foi refutado pela sua mulher, Carmen Yáñes, ao jornal 24 Horas: "Ele está sedado por indicações médicas, mas não em coma”, explicou, adiantando que o marido estava a recuperar lentamente e já tinha conseguido superar a infeção num dos pulmões. Desde então, contudo, o escritor foi perdendo a batalha contra o novo coronavírus. A notícia da sua morte foi confirmada à agência Efe por fontes próximas do escritor, adianta o El País.

Nascido em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949, o escritor argumentista e cineasta chileno residia em Gijón, nas Astúrias, desde 1997. Autor de mais de uma vintena de livros, pelos quais foi amplamente premiado, era o autor chileno mais lido dos dias de hoje. De entre a sua obra, toda traduzida em português, destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Com mais de 18 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, a obra de Luís Sepúlveda está traduzida em 60 idiomas.

Em 2016, o autor recebeu Prémio Eduardo Lourenço – distinção que visa galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica. Definiu o momento como «uma emoção muito especial».

A propósito do seu último romance, “O Fim da História”, deu uma entrevista ao Sol, onde recordou uma história autobiográfica. “Sou neto de um andaluz anarquista e quando era muito pequeno a grande diversão do velho era dar-me de beber fantas e Coca-Cola até que eu lhe dizia: “avô tenho que fazer xixi”. E ele respondia-me, vamos ali a uma Igreja. E quando os padres saíam a protestar por eu estar a fazer junto à parede da Igreja, muitas vezes, o meu avô, andava à pancada com eles”, contou então.