Os bufos do regime

O momento que atravessamos veio evidenciar também os defeitos mais deploráveis que caracterizam a raça humana. Sobressaiu uma espécie que em todos os períodos da nossa História teima em se afirmar, que é a dos bufos! 

A pandemia que se abateu sobre o mundo veio mostrar aquilo que o ser humano tem de melhor e de pior.

Como positivo, registe-se os laços de solidariedade que se estabeleceram junto das comunidades, com os mais frágeis a serem acarinhados por aqueles que têm tido a benção de uma saúde saudável.

O esforço heróico, protagonizado pelos profissionais de saúde, que, com risco da própria vida, têm garantido a sobrevivência, quando possível, dos que tiveram a infelicidade de serem contagiados pelo vírus assassino.

A dedicação de outros actores dos diversos sectores imprescindíveis para que a vida em sociedade não esmoreça, que não se recolheram no conforto dos lares e, bem pelo contrário, insistem em trabalhar em prol de todos.

E também o regresso a uma vida familiar mais intensa, com os pais a interagirem com os filhos com uma grandeza que se julgava perdida.

Mas, como seria expectável, o momento que atravessamos veio evidenciar também os defeitos mais deploráveis que caracterizam a raça humana.

Sobressaiu uma espécie que em todos os períodos da nossa História teima em se afirmar, que é a dos bufos!

São aqueles que quando confrontados com uma acção, que no seu entender é reprovável, em vez de enfrentarem directamente os alegados infractores, procurando convencê-los da obrigatoriedade de modificarem o seu comportamento, optam antes por recorrer às redes sociais, ou mesmo à própria imprensa, e denunciar publicamente os autores pelos quais se sentem incomodados.

E a estes bufos não importa, absolutamente nada, que estejam errados, por fazerem um juízo de valor inverso da realidade. O que interessa é acusarem, mesmo que sem fundamento!

Li, há dias, um comentário de alguém que se referia a estes bufos, confessando compreender, agora, o papel por eles desempenhado na ascensão das ditaduras.

Na verdade, os regimes totalitários sempre encontraram nos bufos o necessário suporte para a sua sobrevivência. São estes que, na sombra, sem darem a cara, apontam o dedo a quem professa ideias com as quais discordam, entregando-os às autoridades, sob a acusação de constituirem uma ameaça para o Estado.

Mas estes bufos não sairam da toca com a crise da pandemia. Há muito que andam por aí a espalhar ódio e divisões dentro da sociedade, insultando e denegrindo a honra e o bom-nome de quem se bate por ideais não assentes no individualismo e na negação da preponderância da pessoa humana como pedra basilar de um Estado de direito.

São os bufos do regime, que procuram silenciar qualquer voz dissonante com o pensamento único global, o qual, progressivamente, nos tem sido imposto sem dó nem piedade.

Um novo modelo de regime totalitário, em que as tresloucadas ideias de uma minoria são aplicadas sobre um todo, sem que tenham sido objecto de consulta por parte daqueles a quem se destinam.

Um regime, falsamente legitimado em pressupostos ditos democráticos, que encontra nestes bufos os perfeitos aliados para a prossecução dos seus sinistros propósitos.

Basta dar-se uma olhada aos comentários desses bufos, na imprensa e nas redes sociais, sempre que pretendem criticar artigos aí publicados, e quando estes não estejam de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo totalitarismo do politicamente correcto.

Raramente rebatem uma ideia com argumentos divergentes e fundamentados. Não, limitam-se a ripostar com insultos pessoais, quando não com mentiras atentatórias sobre o carácter dos visados, sem que desse vil acto resulte qualquer consequência condenatória.

E muitos deles vão mais longe, recorrendo a ameaças à integridade física de quem escreve e pensa de maneira diferente.

Ainda na semana passada, e a propósito de um artigo que publiquei neste espaço, alguém, na página do facebook deste jornal, interrogava-se por que razão ainda ninguém me tinha “ido às fuças!” Valente!

Estes bufos, certamente, teriam feito uma carreira de sucesso nas famigeradas SS do partido nacional-socialista alemão, se dessa época tivessem sido contemporâneos.

Foi o trabalho de campo desses rapazes, que espancavam, e não poucas vezes matavam, quem se opunha à ideologia nazi, que possibilitou a tomada do poder por parte dos nacionais-socialistas, com as nefastas consequências daí resultantes para a paz mundial.

Há, pois, que ter cuidado com estes bufos do nosso tempo. Se uma maioria, até agora silenciosa, se permitir persistir nesse silêncio cúmplice perante as investidas destes democratas de meia-tigela, então não nos admiremos se amanhã acordarmos numa sociedade em que a liberdade de expressão não passará de um mito!

“Sabedoria, é termos a inteligência de contestar uma ideia, e sem nunca perdermos a postura e a boa-educação, apresentando argumentos contrários e fundamentados.

Ignorância, é contra-argumentarmos através do insulto.

Infelizmente, o mundo de hoje tem mais ignorantes do que sábios!”

PS: Tendo em conta a preservação de um bem maior, a vida, foi exigido aos católicos, obrigação a que estes se submeteram sem contestação, para permanecerem em casa e não celebrarem, nas Igrejas, a quadra mais importante do calendário religioso cristão.

Mas os políticos recusam-se a aplicar a eles próprios a mesma regra que aos outros impõem e preparam-se para festejar, em pleno Parlamento, o 25 de Abril.

Triste país este em que a comemoração de um golpe de estado é considerada imprescindível, sabendo-se que daí possam resultar perigos para a saúde pública, mas as festividades da paixão e morte de Jesus Cristo são tidas como descartáveis!