UE. São “precisos, no mínimo, outros 500 mil milhões”, diz MEE

Com a primeira onda da pandemia próxima da sua fase terminal, líderes europeus preparam respostas à brusca recessão que já cá está.

O diretor-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, defendeu este domingo que a Europa necessita de encontrar mais 500 mil milhões de euros para levantar a economia depois da crise pandémica do coronavírus. 

Regling, em entrevista à Corriere della Sera, alertou que a recuperação económica poderá ser “longa e dispendiosa” e que poderá requerer novos instrumentos e instituições. “Para isso, precisamos de discutir novos instrumentos com uma mente aberta, mas também usando as instituições existentes, por ser mais fácil. Incluindo, em particular, a Comissão Europeia e orçamento europeu. Repensar os fundos pode ajudar bastante a manter a União Europeia unida”, disse ao diário italiano. “Diria que, para uma segunda fase, precisamos no minímo, de outros 500 mil milhões das instituições europeias”.

Os ministros das Finanças europeus, no âmbito do Eurogrupo, chegaram a um acordo, após longas e tensas horas de reuniões (depois de António Costa ter criticado o ministro das Finanças holandês), para lançar um pacote de 540 mil milhões com o objetivo de apoiar as economias mais afetadas pela crise, lançando também um fundo de recuperação ligado ao orçamento da União Europeia, explica o Politico. A título de exemplo, apenas a Alemanha aprovou um pacote de resgate económico de 500 mil milhões de euros. 

As medidas financeiras acordadas na semana passada incluem 240 mil milhões em linhas de crédito, um fundo proveniente  do Banco Europeu Investimento e um plano da Comissão Europeia, num valor de 100 mil milhões de euros, para assegurar aqueles que perderam o emprego, diz a mesma publicação. 

Com as autoridades de saúde  Itália, Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, entre outros, a expressarem um otimismo cauteloso de que a primeira onda da pandemia, que devastou muitos países da comunidade, está a na sua fase términa, os momentos que se seguirão e as respostas das várias entidades comunitárias, tal como a dos países, serão momentos cruciais.

Os líderes europeus têm reunião marcada para discutir o pacote aprovado pelo Eurogrupo para debater a forma de financiar o fundo de recuperação. Aqui, voltarão os apelos para uma forma de emitir dívida conjunta – a conhecida mutualização da dívida, que tem tido a oposição feroz dos holandeses, com o apoio da Alemanha e outros.

 O caos criado pela crise pandémica e a recessão a si associada retrouxe traumas da crise das dívidas soberanas, onde os países do sul foram os mais afetados. A pademia do coronavírus veio colocar um novo desafio à comunidade europeia, tendo brutalmente afetado também os países com as economias robustas da comunidade europeia. Há um consenso entre analistas de que os próximos tempos, e as ações que a UE irá tomar, serão cruciais para o futuro da União Europeia, para forma como se vai reorganizar e responder à crise – podendo mesmo estar em causa o projeto europeu.

Isto quando o Fundo Monetário Internacional prevê que a recessão do “Grande Confinamento” poderá ser a mais brusca em quase um século, avisando que a contração económica global e a sua recuperação poderá ser ainda pior que a antecipada, caso novos surtos de coronavírus reapareçam, cita a Bloomberg News.

No primeiro relatório da instituição – World Economic Outlook – depois do alastramento do vírus e da subsequente paralisia das maiores economias mundiais, o FMI estimou na última terça-feira que Produto Interno Bruto mundial ia cair 3%, cita a Bloomberg. “Esta é uma crise como nunca outra, o que significa que existe uma incerteza substancial no impacto que irá ter na vidas das pessoas e no seu modo de vida e subsistência”, disse a economista-chefe do FMI à mesma estação.