Sampaio e Cavaco faltam, Eanes vai mas discorda do modelo. Cada vez mais ausências no 25 de Abril,

Parlamento está a reduzir lista de presenças. Ao todo estarão 65 deputados e não 77 na sala das sessões. Sampaio faltará por razões de saúde e Cavaco Silva confirmou, esta terça-feira, que também não irá.

O primeiro-ministro, António Costa, já tinha reconhecido que “está tudo a ficar talvez excessivamente nervoso”, depois de mais de um mês de confinamento devido à pandemia da covid-19. A sessão solene do 25 de Abril no Parlamento está envolta em polémica, mas Costa aconselhou bom senso porque “não é momento de divisões, é momento de nos mantermos unidos”. As palavras foram proferidas ontem, à margem de uma reunião com o Cardeal Patriarca de Lisboa. O apelo surgiu como reação a petições e contra-petições sobre as cerimónias do 25 de Abril. E qual é o principal problema? O número de presenças no hemiciclo. Em tese, a assistência não deve passar uma centena: 65 deputados e cerca de 30 convidados, aquém dos 130 inicialmente previstos para uma sessão em tempos de pandemia.

Ontem, os serviços do Parlamento criaram um plano, após auscultação da Direção-Geral de Saúde, para garantir as regras sanitárias. A lista de convidados estava ontem a ser ultimada, sendo certo que as personalidades vão ser distribuídas pelas galerias, o que dará cerca de dez por cada um daqueles espaços. O número de deputados ficará aquém dos 77 inicialmente pensados (ficará nos 65), com alguns partidos a indicarem apenas um deputado. Como é o caso do CDS. O PS não irá além dos 22. E todos estarão separados, no mínimo, por duas cadeiras.

Na lista de convidados estão os ex-presidentes da República. Numa ronda feita pelo i ficou claro que os convites já seguiram. O antigo Presidente Ramalho Eanes estará presente, confirmou ao i a sua chefe de gabinete. A mesma fonte frisa que o “general Ramalho Eanes estará presente por mera responsabilidade institucional”. O antigo chefe de Estado “concorda com a comemoração mas discorda da modalidade utilizada”, acrescentou a chefe de gabinete do general Ramalho Eanes. Desta vez Eanes irá sozinho, sem a mulher, Manuela Eanes.

O gabinete de Cavaco Silva confirmou, esta terça-feira, que o antecessor do atual chefe de Estado vai faltar às cerimónias. Jorge Sampaio também não irá, tendo alegado razões de saúde, mas assistirá à cerimónia pela televisão, tal como afiançou este fim de semana à Visão e ao Público.

A versão da sessão solene não deverá ter a tradicional entrada com banda da GNR, o número de funcionários no Parlamento (sobretudo dentro do hemiciclo) será reduzido ao mínimo indispensável, enquanto a lista de presenças parece ir diminuindo à medida que são enviados e recebido os convites.

A lista de convidados soma 20 cargos entre ex-chefes de Estado e ex-presidentes da Casa da Democracia, entre os quais Mota Amaral. Ao i, o antigo presidente da Assembleia da República diz que não estará presente, mas não o fará por protesto. Bem pelo contrário. Contudo, como vive dos Açores (círculo pelo qual foi sempre eleito) não conseguirá participar face a restrições e obrigações de quarentena após os voos.

“Infelizmente e com muita pena minha já não posso ir a Lisboa, porque estamos com a viagens muito restringidas”, adiantou ao i, sublinhando ter muita pena em falhar a cerimónia dos 46 anos do 25 de Abril e também os 45 anos da primeira eleição democrática para a Assembleia Constituinte em 25 de abril de 1975. Questionado se percebe por que há tanta polémica em volta das celebrações, Mota Amaral começa por admitir que há uma parte das “pessoas que não gostam de evocar o 25 de Abril e, por isso, qualquer pretexto serve para não se realizar a comemoração. Além disso, há todo este tempo de ambiente pandemia” que obriga ao confinamento. Para Mota Amaral “a Assembleia da República não está encerrada e a democracia não está suspensa”. Por isso, “faz bem” em assinalar a data, até porque tem reunido todas as semanas. Mas tudo deve ser feito com limitações e menos gente, respeitando as recomendações da Direção-Geral de Saúde.

“Para o ano comemoraremos em duplicado”, defende Mota Amaral, em declarações ao i.

Entre os deputados mais críticos da cerimónia está André Ventura, do Chega. Questionado pelo i, o deputado diz que vai à cerimónia “por dever institucional, mas esperava que Ferro Rodrigues desmarcasse a sessão”. O parlamentar ainda não sabe se levará máscara ou não. Hoje há conferência de líderes para fechar os últimos detalhes do encontro.